Seja bem-vindo. Hoje é

domingo, 13 de janeiro de 2013

Resumo dos livros da Série Nosso Lar - André Luiz/Chico Xavier

GRANDE OPORTUNIDADE DE LER OS RESUMOS DAS OBRAS QUE FAZEM PARTE DESTA MARAVILHOSA SÉRIE - A VIDA NO PLANO ESPIRITUAL - DE ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER

Agradecemos ao Instituto de Divulgação Espírita André Luiz - IDEAL André Luiz® 













"- Amigos, por quem sois, explicai-me em que novo mundo me encontro... De que estrela me vem, agora, esta luz confortadora e brilhante?
Um deles afagou-me a fronte, como se fora conhecido pessoal de longo tempo e acentuou:
- Estamos nas esferas espirituais vizinhas da Terra, e o Sol que nos ilumina, neste momento, é o mesmo que nos vivificava o corpo físico. Aqui, entretanto, nossa percepção visual é muito mais rica. A estrela que o Senhor acendeu para os nossos trabalhos terrestres é mais preciosa e bela do que a supomos quando no círculo carnal. Nosso Sol é a divina matriz da vida, e a claridade que irradia provém do Autor da Criação.
Meu ego, como que absorvido em onda de infinito respeito, fixou a luz branda que invadia o quarto, através das janelas, e perdi-me no curso de profundas cogitações. Recordei, então, que nunca fixara o Sol, nos dias terrestres, meditando na imensurável bondade dAquele que no-lo concede para o caminho eterno da vida. Semelhava-me assim ao cego venturoso, que abre os olhos para a Natureza sublime, depois de longos séculos de escuridão."
- André Luiz - Clarêncio, cap.2 - Nosso Lar

Resumo exclusivo do Instituto de Divulgação Espírita André Luiz - IDEAL André Luiz® *
Cópia Livre. Agradecemos os créditos.

Escolha abaixo o livro de sua preferência:
Nosso Lar Os Mensageiros Missionários da Luz
Obreiros da Vida Eterna No Mundo Maior Nos Domínios da Mediunidade
Entre a Terra e o Céu Libertação Ação e Reação
E a Vida Continua... Sexo e Destino Desobsessão
NOSSO LAR - Primeiro livro da série, marcou a estréia de André Luiz no meio espírita nacional.
Muito embora notícias semelhantes já existissem em algumas obras espiritualista, foi Nosso Lar quem abriu portas, efetivamente, à uma nova visão da realidade espiritual além-túmulo, revelando em pormenores a vida que segue, extraordinária, para além da morte do corpo físico.
Dividido em 50 capítulos, revela a escalada de um espírito, o próprio André Luiz, desde as regiões umbralinas em que foi lançado, logo após o desencarne, até o socorro e a gradativa recuperação em magnífica e muito bem organizada cidade espíritual, denominada "Nosso Lar".
Declara ele, logo no prefácio: "A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é o jogo escuro das ilusões. Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser."
"É preciso muito esforço do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira - ele só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas..."
Em "Nosso Lar", mais tarde, trabalhando humildemente como enfermeiro auxiliar nas Câmeras de Retificação, o antigo e orgulhoso médico terreno aprende sobre si e os outros de forma totalmente inovadora, sepultando aos poucos, verdadeiramente, o "homem velho" que ainda trazia em si e abrindo caminho, assim, para o futuro médico de almas em que se transformaria.
Ciente da próprias deficiências, André Luiz observa, estuda, pergunta, luta, e supera-se, no sincero propósito de renovação íntima.
Como desfecho surpreendente, consegue, afinal, licença de seus superiores para voltar à casa terrena, no intuito de rever os filhos e a esposa muito amada. Ao chegar, percebe profundas mudanças no antigo lar. A pior delas: a esposa havia contraído novas núpcias. Desespera-se fundamente. Não quer acreditar no que vê e ouve. Grita seu amor e sua saudade, porém ninguém o escuta. Está morto. Para o mundo e para a querida companheira de outrora. Mas o novo marido de Zélia está muito doente. A desencarnação está próxima. É então que André Luiz, mesmo em profundo desencanto, dá testemunho renovação a que se propôs enquanto em "Nosso Lar"...
VEJA AQUI um resumo mais extenso do livro.

OS MENSAGEIROS - Segundo livro da série, retrata a renovação de André Luiz, o tédio com o passado e o desejo sincero de trabalhar em benefício do próximo. Narra o próprio André: "Desligando-me dos laços inferiores que me prendiam às atividades terrestres, elevado entendimento felicitou-me o espírito.
Semelhante libertação, contudo, não se fizera espontânea.
Sabia, no fundo, quanto me custara abandonar a paisagem doméstica, suportar a incompreensão da esposa e a divergência dos filhos amados.
Guardava a certeza de que amigos espirituais, abnegados e poderosos, me haviam a auxiliado a alma pobre e imperfeita, na grande transição.
Antes, a inquietude relativa à companheira torturava-me incessantemente o coração; mas agora, vendo-a profundamente identificada com o segundo marido, não via recurso outro que procurar diferentes motivos de interesse.
Foi assim que, eminentemente surpreendido, observei minha própria transformação, no curso dos acontecimentos."
Pensando desta forma, feliz e renovada, é levado por Tobias, seu companheiro de trabalho nas Câmeras de Retificação, até Aniceto, nobre Instutor no Ministério da Comunicação.
Aprovado para ingressar no quadro de aprendizes, André Luiz tem a oportunidade de conhecer o fascinante serviço de formação de médiuns para fins de tarefas espedíficas na Crosta.
Em companhia de Tobias, já no Ministério, André espanta-se:
- "Mas esta organização imensa restringe-se ao movimento de transmissão de mensagens?" - perguntei curioso.
O companheiro sorriu significativamente e esclareceu:
- "Não suponha se encontre aqui localizado o serviço de correio, simplesmente. O Centro prepara entidades a fim de que se transformem em cartas vivas de socorro e auxílio aos que sofrem no Umbral, na Crosta e nas Trevas. Acreditaria, porventura, que tanto trabalho se destinasse apenas a mera movimentação de noticiário? Amplie suas vistas. Este serviço é a cópia de quantos se vêm fazendo nas mais diversas cidades espirituais dos planos superiores. Preparam-se aqui numerosos companheiros para a difusão de esperanças e consolos, instruções e avisos, nos diversos setores da evolução planetária. Não me refiro tão só a emissários invisíveis. Organizamos turmas compactas de aprendizes para a reencarnação. Médiuns e doutrinadores saem daqui às centenas, anualmente. Tarefeiros do conforto espiritual encaminham-se para os círculos carnais, em quantidade considerável, habilitados pelo nosso Centro de Mensageiros."
Mais tarde, em companhia de Aniceto e Vicente, outro médico, André Luiz tem a oportunidade de realizar aprendizado na Terra, junto aos encarnados, fornecendo bastas e enriquecedoras notícias do desdobramento das tarefas que, segundo Emmanuel, no prefácio do livro, constituiram o relatório incompleto de uma semana de trabalho espiritual dos mensageiros do Bem, junto aos homens.
VEJA AQUI um resumo mais extenso de "Os Mensageiros"!

MISSIONÁRIOS DA LUZ - Desejando aprimorar-se quanto à mediunidade, recebe André Luiz o convite do bondoso mentor Alexandre para acompanhá-lo ao seu núcleo, em momento oportuno.
Alimentando indisfarçável curiosidade, e surgida a oportunidade, André vale-se da prestigiosa influência para ingressar no espaçoso e velho salão, onde Alexandre desempenha atribuições na chefia...
Terceiro livro da série. Composto de 20 capítulos, aborda a fascinante questão da mediunidade humana, notadamente a que se desenvolve nos centros espíritas. Logo de início, André Luiz tem a oportunidade de examinar detalhadamente a mente de um médium psicógrafo, com o auxílio magnético de Alexandre.
Missionários da Luz, uma obra mais complexa e profunda, traz estudo detalhado sobre a epífese, a glândula da vida mental. Assinala também tópicos generosos sobre trabalhos intercessórios, além de interessante narrativa acerca do intenso intercâmbio mantido entre encarnados e desencarnados, durante o repouso do corpo físico. Narra André: "Certa noite, finda a dissertação que Alexandre consagrava aos companheiros, meu orientador foi procurado por duas senhoras, que foram conduzidas, em condições especialíssimas, àquele curso adiantado de esclarecimentos, porquanto eram criaturas que ainda se encontravam presas ao veículos de carne e que procuravam o instrutor, temporariamente desligadas do corpo, por influência do sono. Eram Etelvina e Ester. A primeira, conhecida de Alexandre, pedia os obséquios do Instrutor para sua prima Ester, para solucionar a estranha morte de seu esposo, em plena via pública..."
Mais adiante, André Luiz tem a oportunidade de participar da complexidade de um processo reencarnatório, que envolve não apenas lições extraídas de seu desdobramento, mas também elucidações levadas a efeito no Centro de Planejamento de Reencarnações de Nosso Lar.
Mas Alexandre concede à André a oportunidade de acompanhar igualmente, um caso de fracasso reencarnatório...
VEJA AQUI um resumo mais extenso de "Missionários da Luz"!
Visite também o "CENTRO DE PLANEJAMENTO DE REENCARNAÇÕES" de Nosso Lar!
TOPO

OBREIROS DA VIDA ETERNA - Em companhia do instrutor Jerônimo, da enfermeira Luciana e do padre Hipólito, André Luiz desce ao Planeta em missão especial: atender, nos próximos trinta dias, a cinco dedicados colaboradores de "Nosso Lar", prestes a desencarnar na Crosta.
Em direção ao Planeta, pelos caminhos normais, o grupo socorrista, do qual faz parte André Luiz, se detêm na Casa Transitória, comandada pela irmã Zenóbia, espírito forte e batalhador. Ali, são surpreendidos pelo ataque de uma horda infernal de seres devotados à crueldade, prontamente, porém, rechaçados pela defesa magnética da instituição. Logo após, dirigem-se ao Rio de Janeiro.
Narra André Luiz: "Utilizávamos a volitação, prazerosos e felizes. Muito difícil descrever a sensação de leveza e alegria inerente a semelhante estado, após a permanência na escura região de que precedíamos. Fala-se, muitas vezes entre os encarnados, na possibilidade da criação do aparelho de vôo individual; todavia, ainda que se efetive a nova conquista, o peso do corpo físico, os cuidados exigidos pela máquina de propulsão e os riscos de viagem não podem, de modo algum, substituir a segurança e a tranqüilidade que nos enchem de tamanho bem-estar. Após a excursão normal, entre a Casa Transitória de Fabiano e a Crosta Terrestre, dentro de harmoniosas condições conservávamo-nos descansados e bem dispostos, operando muito facilmente a volitação, não obstante a densidade atmosférica."
Dentre os encarnados prestes a lhes receber a assistência, a filha de Bezerra de Menezes. "Transcorridos escassos minutos, ganhávamos o pórtico de notável, simples e confortável edifício, em que se asilavam numerosas criancinhas, em nome de Jesus. Tratava-se de louvável instituição espiritista-cristã, onde se sediava compacta legião de trabalhadores de nosso plano.
Bondoso ancião recebeu-nos afavelmente. Reconheci-o, jubiloso. Achava-se, ali, Bezerra de Menezes, o dedicado irmão dos que sofrem..."
VEJA AQUI um resumo mais extenso de "OBREIROS DA VIDA ETERNA"!
TOPO

NO MUNDO MAIOR - Quinto livro da série, nele André Luiz traz informações valiosas acerca da "psiquiatria iluminada", área pela qual sentia-se atraído há muito. Aproveitando a semana de folga em seus afazeres em Nosso Lar, acompanha o Assistente Calderaro até as regiões fronteiriças à Terra, entrando então em contato com o Instutor Eusébio, que, segundo André, "superintendia prestigiosa organização de assistência em zona intermediária, atendendo a estudantes relativamente espiritualizados, pois ainda jungidos ao círculo carnal, e a discípulos recém-libetos do campo físico."
De forma clara e consistente, André narra uma noite de orientação espiritual a mais ou menos mil e duzentos encarnados, libertos do corpo denso pelo sono, e ali reunidos em busca de novos caminhos evolutivos, mais nobres e elevados. Uma das mais belas preces da série André Luiz é proferida Eusébio, nesta obra: "Senhor da Vida, abençoa-nos o propósito de penetrar o caminho da Luz!..."
Dividido em 20 capítulos, aborda a complexidade da mente humana e suas inclinações, felizes e infelizes. O poder do amor, a mediunidade torturada, sexo, perdas dolorosas, estranhas enfermidades, psicoses afetivas e alienação mental, são recheios desta obra que ensina que desespero é enfermidade, a revolta é ignorância e a perversidade é loucura...
Ainda no livro, o comovente reencontro, nos limiar das cavernas, de André Luiz com seu avô Cláudio, desencarnado há muito e em completa alienação mental, e os surpreendentes desdobramentos para a sua reencarnação.
VEJA AQUI a sublime prece proferida por Eusébio!
TOPO

NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE - Diz Emmanuel, no prefácio da obra: "Cada corpo tangível é um feixe de energia concentrada. A matéria é transformada em energia e esta desaparece para dar lugar à matéria.
Químicos e físicos, geômatras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do espírito, porque, como consequência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão compelidos a desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as especulações negativistas.
Os laboratórios são templos em que a inteligência é concitada ao serviço de Deus, e, ainda mesmo quando a cerebração se perverte, transitoriamente subornada pela hegemonia política, geradora de guerras, o progresso da Ciência, como conquista divina, permanece na exaltação do bem, rumo ao glorioso porvir.
O futuro pertence ao Espírito!
E, meditando no amanhã da coletividade terrestre, André Luiz organizou estas ligeiras páginas em torno da mediunidade, compreendendo a importância, cada vez maior, do intercâmbio espiritual entre as criaturas.
Quanto mais avança na ascensão evolutiva, mais seguramente percebe o homem a existência da morte como cessação da vida.
E agora, mais que nunca, reconhece-se na posição de uma consciência retida entre forças e fluidos, provisoriamente aglutinados para fins educativos.
Compreende, pouco a pouco, que o túmulo é a porta à renovação, como o berço é acesso à experiência, e observa que seu estágio no Planeta é uma viagem com destino às estações do progresso Maior."
Dividido em 30 capítulos e onde são abordados temas quais assimilação de correntes mentais; psicofonia; consciente e sonambúlica; possessão; sonambulismo torturado; desdobramento em serviço; clarividência e clariaudiência; forças viciadas; mandato mediúnico; fascinação; efeitos físicos, mediunidade transviada e muito mais, é obra básica a todos aprendizes espíritas. 
TOPO

ENTRE A TERRA E O CÉU - Narra André: "Numa sala ampla, em que numerosas entidades trabalhavam solícitas, Clarêncio recebeu da jovem um pequeno gráfico que passou a examinar, cauteloso. Tratava-se de uma prece refratada. Depois explicou, para André e Hilário: "Temos aqui uma oração comovedora que superou as linhas vibratórias comuns do plano de matéria mais densa. Parte de uma devotada servidora que se ausentou de nossa colônia espiritual há precisamente quinze anos terrestres, para determinadas tarefas na reencarnação."
Curioso, Hilário deseja saber o que é prece refratada e Clarêncio elucida: "A prece refratada é aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo."
Clarêncio solicita a presença de Eulália, mais íntima do drama de Evelina, e indaga-lhe sobre as causas do comovente apelo da jovem. Eulália explica que apesar da fragilidade do novo corpo, Evelina vem sustentando imensa luta moral. O pai sobrecarregado de questões íntimas, tem a saúde periclitante e a madrasta vem sofrendo obstinada perseguição, por parte da desventurada Odila, mãe de Evelina. A pobre menina, aflita, suplica a tenção da mãe, mas esta, envolta nas teias das próprias criações mentais, não se mostra capaz de corresponder à confiança da filha. No entanto, a jovem tanto tem insistido na obtenção de socorro espiritual, que suas rogativas, quebrando a direção, ou seja, esbarrando em Odila, sem resultados, chegam até o Templo do Socorro, em "Nosso Lar".
Ante a narrativa, Clarêncio volta-se para André e Hilário: "Compreendem agora o que seja uma oração refratada? Evelina recorre ao espírito materno que não se encontra em condições de escutá-la, mas a solicitação não se perde... Desferida em elevada freqüência, a súplica de nossa irmãzinha vara os círculos inferiores e procura o apoio que não lhe faltará."
Dessa forma, André Luiz principia a narrativa de uma das mais belas obras da série. Chegando ao lar da jovem Evelina, deparam-se com triste quadro: a primeira esposa de Amaro, já desencarnada, vampiriza a segunda mulher, movida por loucos ciúmes. Não podendo contar com a mãezinha da menina, ao menos por enquanto, Clarêncio, André e Hilário buscam novos modos e meios de soluciuonar o triste enigma.
A pobre e corajosa Antonina, o enfermeiro Mário, apaixonado e infeliz, a meiga e torturada Zulmira, Júlio, o pequeno suicida e outros personagens luminosos, quais Blandina, do Lar da Bênção e Clara, o anjo que vai redimir Odila, a ex-esposa ciumenta, são alguns dos personagens deste livro que recomendamos a todos, notadamente àqueles que ainda encontram acerba dificuldade nos caminhos do afeto sublimado.
FORMOSA HOMENAGEM:
Uma galeria de grandes mulheres compôs a inesquecível obra "Entre a Terra e o Céu,
assinalando formosa e ignorada homenagem de André Luiz ao universo feminino.


CLIQUE AQUI PARA CONHECÊ-LAS!
TOPO

LIBERTAÇÃO - Possivelmente a mais instigante das obras. Em seu prefácio, dada a gravidade do tema a que André Luiz se aprofunda para nossa informação e alerta, Emmanuel, sem tecer maiores comentários acerca da obra em questão, lembra, tão somente, da antiga lenda egípcia do Peixinho Vermelho...
Dividida em 20 capítulos, a ação principia em ambientes soturnos e aterrorizantes, mostrando uma estranha cidade. Conta André: "Após a travessia de várias regiões, "em descida", com escalas por diversos postos e instituições socorristas, penetramos vasto domínio de sombras.
A claridade solar jazia diferenciada.
Fumo cinzento cobria o céu em toda a sua extensão.
A volitação fácil se fizera impossível.
A vegetação exibia aspecto sinistro e angustiado. As árvores não se vestiam de folhagem farta e os galhos, quase secos, davam a idéia de braços erguidos em súplicas dolorosas."
"O que mais contristava, porém, não era o quadro desolador, mais ou menos semelhante a outros de meu conhecimento, e, sim, os aoelos cortantes que provinham dos charcos. Gemidos tipicamente humanos erampronunciados em todos os tons."
"Em minutos breves, penetramos vastíssima aglomeração de vielas, reunindo casario decadente e sórdido.
Rostos horrendos contemplavam-nos furtivamente..."
A cidade, terrível purgatório, é o reino de Gregório, o cruel e implacável Grande Juiz de milhões de mentes preguiçosas, delinquentes e enfermiças, e afeto especial de um espírito angélico: Matilde.
Matilde deseja que Gregório deixa pobre moça encarnada em paz.
Gregório promove a sua morte lenta para tê-la consigo, em seu "reino".
Nos capítulos seguintes, a descrição do ambiente sinistro em que Gregório, agindo como Juiz, induz infeliz mulher a assumir posição de loba em virtude dos abortos cometidos em vida, além de outros quadros impressionantes.
Da cidade estranha, André Luiz, Elói e o Instrutor Gúbio se dirigem até o Rio de Janeiro, onde buscarão salvar a garota da morte horripilante.
Em seu lar, obsessores e magnetizadores infernais revezam-se na tarefa infeliz de lhe subtrair a vida, minuto a minuto...
De desfecho surpreendente, o livro mostra pela primeira vez a maturidade espiritual de André Luiz e sua capacidade de ação, quando Gúbio, precisando ausentar-se da casa da vítima encarnada de Gregório, passa o comando da tarefa às suas mãos. Narra André que, quando Gregório aproxima-se para lutar e vencer, enfrentando a todos com sua palavra ferina e provocadora e seus olhos felinos, "exceto eu, que deveria permanecer atento à tarefa direcional que me fora cometida, ninguém ousou modificar a atitude de profunda concentração nos propósitos de humildade e amor ao que fôramos conclamados."
Para libertar Gregório das trevas do próprio coração, Matilde estava para materializar-se...
Obra indispensável a todos quanto trabalhem com desobsesão e doutrinação.
VEJA AQUI a encantadora lenda egípcia do peixinho vermelho!
TOPO

AÇÃO E REAÇÃO - Obra dividida em 20 capítulos altamente instrutivos e absorventes, narra a permanência de três anos de André Luiz e seu companheiro Hilário na "Mansão Paz", notável escola de reajuste situada em regiões inferiores, senão infernais do Planeta, e dirigido pelo abnegado e bondoso Instrutor Druso.
A construção, ampla e bem protegida, cerca-se diuturnamente de espessas tempestades magnéticas, de consistência parecida a barro aerado e no bojo do qual é possível divisar milhares de entidades francamente dementadas e cruéis, agarradas ferozmente umas as outras em desesperada tentativa de equilíbrio e salvação. No entanto, apesar da compaixão que André Luiz experimenta, Druso explica-lhe que eles não podem ainda ser acolhidas à mansão devido à sua extrema rebeldia e ferocidade.
"Seria como soltar um tigre selvagem em templo onde fiéis oram pacificamente."- explica Druso.
Na Mansão da Paz André Luiz, acompanhado de Hilário, tem a oportunidade de observar de perto a fascinante questão da Ação e Reação através de exemplos vivos que vão lhe sendo apresentados, tanto por Druso quanto por seu assistente, o jovem Silas.
O livro apresenta vários pontos altos, entre eles a materialização no Templo da Oração do Ministro Sânzio, luminoso mensageiro das alturas. Pacientemente, a sublime entidade atende às interrogações ansiosas de André e Hilário no tocante a questão do "carma", ou "choque do retorno". Outro ponto alto é o processo de desobessão de Luis, jovem fazendeiro e completamente obcecado pelo ouro que acumula, sob as ordens ferozes de dois tios desencarnados. Os dois infelizes, assassinados pelo próprio irmão, pai de Luis, desencarnado também há muito, pensam assim preservar a fortuna de que foram expoliados. De teor impressionante, este capítulo narra a gabolice de um dos obsessores, que dá uma aula completa de obsessão aos estupefatos André e Hilário, sem contudo surpreender a Silas, que busca modo eficiente de reconduzi-los à razão. Para sensibilizá-los, o jovem assistente abre o coração e narra a própria história. Na última existência, apaixonado pelo dinheiro, tudo fez para arruinar a jovem madrasta, a qual não desejava ver beneficiada pela fortuna do pai. Entre artimanhas e calúnias, apenas sentiu-se feliz quando a viu morrer sob mortífera dose de veneno, que pensava tivesse ela própria ingerido. No entanto, prestes a desencarnar, seu pai o chama e lhe conta terrível segredo: fora ele que ministrara o tóxico letal.
Pouco tempo depois o jovem também desencarna, em profundo abatimento moral, vítima de terrível engano...
Após muitos anos de sofrimento nas trevas, e embora reerguido e disposto a renovar o próprio destino através do trabalho diligentemente levado a efeito na Mansão, ainda não havia logrado êxito na localização da madrasta, apesar de hercúleo esforço neste sentido. A reparação se fazia necessária, mas... por onde vagaria o espírito da pobre mulher?
Os obsessores ouvem, meditam e após alguns dias, comunicam a Silas a sua decisão...
Outro ponto alto do livro está nas últimas páginas, quando finalmente Aída, a jovem madrasta, é localizada por Silas, em triste e aviltante situação. A surpresa fica por conta do personagem que revela-se pai do assistente e cúmplice na derrocada moral e espiritual da infeliz mulher...
Obra imperdível a quantos buscam esclarecimentos maiores e mais dilatados acerca da Lei de Ação e Reação e à qual todos estamos submetidos.
TOPO

E A VIDA CONTINUA... - Décimo volume da série, narra, de forma um pouco diferente da habitual em André Luiz, a encantora e vibrante trajetória de Ernesto, um homem maduro e algo avançado nos anos, e Evelina, jovem e bela mulher.
Adoentados, sem esperaça de recuperação, travam sincera amizade em formosa estância hidromineral.
Apaixonada pelo marido, Caio, Evelina luta contra a morte, batalha que afinal perde, desencarnando na flor da juventude. Ernesto também desencarna. Ambos são internados em grande instituição hospitalar e onde tornam a se encontrar mais tarde.
Sem se dar conta do passamento, mas devido às peculariedades do ambiente e das situações em que vêem envolvidos, Evelina e alguns companheiros passam a suspeitar da terrível realidade...
Estarão mortos, por ventura?
Reencontrando-se com Ernesto, Evelina inteira-se da verdade.
O tempo passa e ela, adaptando-se aos poucos à situação, recomeça, ao lado do querido amigo, uma nova e enriquecedora etapa.
No entanto, tem o coração ainda e apenas para Caio.
Deseja vivamente retornar ao antigo lar, para consolar o marido que julga preso a grande e insuperável dor.
Ernesto também tem algumas tarefas a desempenhar na Crosta, junto à família terrena.
Retornam, então, e Evelina tem amarga e dorida surpresa: seu marido vive feliz com outra mulher, na casa que lhe pertencera. Sofre igualmente outro golpe: descobre, decepcionada, que a moça já lhe era amante desde há muito, desde tempo anterior ao seu desencarne...
De alma nobre e generosa, olvida a própria dor e passa a desempenhar tarefas que lhe são solicitadas por benfeitores espirituais, visando, acima de tudo, solucionar pendências particulares, como o jovem apaixonado suicida, e outras situações envolvendo familiares próximos. Sendo assim, auxilia a muitos, principalmente ao pai.
Ernesto, da mesma forma, trabalha pela felicidade dos seus, ainda na carne.
Feliz e refeito, percebe-se a cada dia mais jovem e vigoroso.
Evelina, por sua vez, amadurece gradualmente os traços juvenis.
Finda a tarefa na Terra, e conformados quanto aos afetos ali deixados, percebem que vibra no coração de ambos um sentimento muito além da amizade pura...
TOPO

SEXO E DESTINO - Obra apaixonante, pelo conteúdo e lições, traz à cena a história de jovens e adultos que, movidos pelo amor, pela paixão e pela cobiça, complicam a própria existência de forma trágica e irreversível.
Obsessões doentias, qual a que sofre Cláudio, apaixonado pela própria filha e que ele julga apenas adotiva, são o centro da trama onde desfilam, também, a maternidade omissa e a fraternidade ausente.
Sexo, dinheiro e outros interesses vis marcam os personagens, de forma fria e realista. Neste ambiente, movimenta-se André Luiz, parecendo mais maduro que nos livros anteriores, e também mais calado.
Grafada a duas mãos, por Waldo Vieira, responsável pela primeira parte (14 capítulos), e Francisco Cândido Xavier, responsável pela segunda (também com 14 capítulos), traz no prefácio a seguinte elucidação de André Luiz:
"Sexo e destino, amor e consciência, liberdade e compromisso, culpa e resgate, lar e reencarnação constituem os temas deste livro, nascido na forja da realidade cotidiana.
Entretanto, leitor amigo, após a oração do benfeitor, que se pronunciou no limiar (Emmanuel, em prefácio ditado à Chico Xavier), nada mais nos compete que não seja entregar-te a narrativa que a Divina Providência nos permitiu alinhavar, não pelo exclusivo propósito de desnudar a verdade, mas sim no objetivo de aprender com a biblioteca da experiência.
Cremos seja desnecessário esclarecer que os nomes dos protagonistas desta história real foram substituidos por óbvias razões e que a presente biografia de grupo não pertence a outras criaturas senão a eles mesmos que no-la permitiram redigir, para a nossa edificação, depois de naturalmente consultados.
Solicitamos, ainda, permissão para dizer-te que não foi retirado um só til das verdades que a entretecem - verdades da verdade, que, fremindo de capítulo a capítulo, carreia consigo, em passagens numerosas, a luz de nossas esperanças e o amargo sabor de nossas lágrimas."
TOPO

DESOBSESSÃO - André Luiz: "Terapêuticas diversas merecem estudos para a supressão dos males que flagelam a Humanidade. Antibióticos atacam processos de infecção, institutos especializados examinam a patologia do câncer, a cirurgia atinge o coração para sanar o defeito cardíaco e a vacina constitui defesa para milhões. Ao lado, porém, das enfermidades que supliciam o corpo, encontramos, aqui e além, as calamidades da obsessão que desequilibram a mente.
Para lá das teias fisiológicas que entretecem o carro orgânico de que se vale o Espírito para o estágio educativo no mundo, é possível identificar os quadros obscuros de semelhantes desastres, nos quais as forças magnéticas desajustadas pelo pensamento em desgoverno assimilam forças magnéticas do mesmo teor, estabelecendo a alienação mental, que vai do tique à loucura, escalando por fobias e moléstias fantasmas. Vemo-los instalados em todas as classes, desde aquelas em que se situam as pessoas providas de elevados recursos da inteligência àquelas outras onde respiram companheiros carecentes das primeiras noções do alfabeto, desbordando, muita vez, na tragédia passional que ocupa a atenção da imprensa ou na insânia conduzida ao hospício. Isso tudo, sem relacionarmos os problemas da depressão, os desvarios sexuais. as síndromes de angústias e as desarmonias domésticas.
Espíritos desencarnados e encarnados de condição enfermiça sintonizam-se uns com os outros, criando prejuízos e perturbações naqueles que lhes sofrem a influência vampirizadora, lembrando vegetais nobres que parasitos arrasam, depois de solapar-lhes todas as resistências."
"Nenhuma instituição de Espiritismo pode, a rigor, desinteressar-se desse trabalho imprescindível à higiene, harmonia, amparo ou restauração da mente humana, traçando esclarecimento justo, seja aos desencarnados sofredores, seja aos encarnados desprovidos de educação íntima que lhes sofram a atuação deprimente, conquanto, às vezes, involuntária.
Cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores da desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desorientação espiritual que lhe rondam as portas, para defesa e conservação de si mesma."
(Grifo nosso - nota dos autores do site)
"Recordemos que o Espiritismo é o Cristianismo Restaurado e que o pioneiro número um da desobsessão, esclarecendo Espíritos infelizes e curando obsidiados de todas as condições, foi exatamente Jesus"
Através de 20 capítulos, André Luiz fornece instruções valiosos para uma reunião de desobsessão realmente proveitosa.
Livro indispensável a médiuns e doutrinadores.
VEJA AQUI mais detalhes do livro "Desobsessão"!



Som midi "Morn in Virgin Nature", Original by JMC * Jalal's Original Compositions*, Syria
Visite o site e conheça as suas maravilhosas melodias:

JMC - *Jalal's Musical Compositions*
* Todos os Direitos Autorais reservados nos termos da Lei nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Radionovelas de três maravilhosos livros de Emmanuel/Chico Xavier

Radionovela _ Há 2000 Anos (Audiobook)



Narrativa de Emmanuel, espírito mentor de Chico Xavier, a respeito de uma de suas encarnações como Senador Romano. O audiolivro ressalta episódios da história do cristianismo no século I e momentos inesquecíveis, de grandes emoções.

50 Anos Depois _ Radionovela



  Se você se comoveu com a saga de Públius Lentulus em Há 2000 anos, renove seu estoque de emoções: cinqüenta anos depois do terremoto de Pompéia, quando o impiedoso e arrependido senador se desprendeu da vida material, em busca do perdão supremo para as faltas que aqui cometeu, iremos encontrá-lo novamente, porém, sob os trajes humildes de Nestório, escravo de personalidade iluminada, um Ser Humano especial, que fará você reconhecer em cada traço de seus sofrimentos terrestres o resgate de um passado de injustiças.


Radionovela _ Paulo e Estevão (Audiobook)



  Romance apontado por Chico Xavier como o mais belo e emocionante livro por ele psicografado. Recorda as lutas e testemunhas por que passou Paulo de Tarso na tarefa de divulgação do cristianismo.

Ouvindo as Obras Básicas

                                     Amigos,

Por vezes queremos estudar essas obras que são pilars do Espiritismo e não temos o tempo devido para parar, pegar um dos livros e ler. Assim, esses áudios facilitarão bastante a nossa vida.

Podemos ouví-los onde quer que estejamos.

Bom proveito!

 

O Livro dos Espíritos


LM

O Livro dos Médiuns

LM

O Evangelho Segundo o Espiritismo

ESE

O Céu e o Inferno

CI

A Gênese

GEN











Entrevista para o fututo - 40 anos depois

Entrevista exclusiva que J. Herculano Pires concedeu a Jorge Rizzini, em 14 de julho de 1972, e que foi mantida inédita por 40 anos. A data lembra a Tomada da Bastilha, evento central da Revolução Francesa, ocorrido em 14 de julho de 1789.

Ouça abaixo o áudio completo da entrevista
                                                             Download


J. Herculano PiresJorge Rizzini - Quem vos fala é Jorge Rizzini, e hoje é o dia 14 de julho do ano de 1972. E eu me encontro nesse momento na casa de Herculano Pires a fim de gravar, nesta fita, uma conversa assim, vamos dizer, que será julgada para a posteridade. Esta fita, não vamos divulgá-la na atualidade. É realmente o futuro; visa aos ouvintes do futuro. Isto é muito importante, porque é um depoimento que irá ficar na história do espiritismo, na história do movimento espírita de São Paulo e do Brasil. Informal, sem outro objetivo que não seja aquele de dar o parecer do Herculano Pires, o parecer atual de Herculano Pires, porém projetado no futuro. É uma visão, vamos dizer, à distância e vendo o futuro.
De modo que nós vamos, primeiramente, fazer a seguinte pergunta ao Herculano, porque se trata de um homem que tem realmente uma visão muito ampla, uma visão aprofundada das culturas de vários países e de várias épocas. Vamos perguntar ao Herculano o seguinte: suponhamos que Herculano Pires estivesse no século passado, vivendo na França, e visse nas livrarias de Paris O livro dos espíritos, de Allan Kardec, que então teria sido lançado neste dia. Como Herculano veria essa obra? Qual a impressão que teria após a leitura dessa obra?
J. Herculano Pires - Jorge Rizzini, você me dá uma oportunidade de fazer aqui, já que você não pretende divulgar imediatamente isto – esta é uma fita que vai ficar para o futuro –, eu nunca pensei que tivesse oportunidade de falar para o futuro. Acho que é uma pretensão muito grande, mas em todo caso, como você está abrindo esta porta, eu vou falar para o futuro.
Eu queria dizer a você que no século passado, e isto não é um sonho, uma ilusão, é uma convicção adquirida através de pesquisas que eu fiz – que nunca revelei a ninguém –, mas que eu fiz levado por uma revelação, uma revelação completamente inesperada através de um médium inteiramente ignorante no assunto, e que me abriu o caminho para uma possibilidade muito interessante. Vamos esclarecer isto. No século passado, eu estive na França realmente, mas não era francês; eu era português, eu morava em Portugal, tive uma encarnação em Portugal. Eu fui parar na França como exilado, e como exilado eu tomei conhecimento do espiritismo.
Mas não aceitei o espiritismo, porque eu era católico, e era um tipo de católico muito interessante – muito comum, aliás, em Portugal naquela época –, um católico que discordava dos padres, brigava com o clero e não aceitava muito o catolicismo. O meu desejo era encontrar uma forma de fazer o cristianismo voltar ao seu estado primitivo, quer dizer, voltar à verdade pura do Cristo. Era este o meu desejo. Como naquela época eu era também jornalista, como sou hoje, isso ficou gravado em alguns jornais portugueses – e se pode constatar –, de modo que isso me facilitou muito a verificação da realidade.
Jorge Rizzini - Um pormenor, Herculano: você se lembraria do nome que então você tinha?
J. Herculano Pires - Eu não quero dizê-lo Rizzini, você me perdoa isso; mas eu não quero dizer. Eu sei que nessa ocasião...
Jorge Rizzini - Mas é uma fita para o futuro!
J. Herculano Pires - Sim, mas o futuro depois verá. Mas eu tive então a oportunidade de saber que estava se processando uma nova revelação, aquela coisa toda. Mas como católico, eu tinha ideia de que Portugal era um país profundamente católico e que qualquer infiltração de outra religião lá seria prejudicial, porque o povo não estava à altura – segundo eu pensava – de aceitar uma nova concepção de Deus. Então eu não adotei o espiritismo, continuei católico até o fim, mas um católico às avessas porque completamente em luta com o próprio clero.
Então eu diria a você: eu não tenho certeza se eu vi algum livro espírita. Eu sei que tive conhecimento do espiritismo, mas se eu visse O livro dos espíritos em Paris nesse dia 14 de julho, naquela época, na Tomada da Bastilha, na data da Tomada da Bastilha, certamente não teria o impacto que hoje me provocaria essa visão. Porque não sabia ainda o que era o espiritismo, nem compreendia, nem tinha possibilidade de saber que o espiritismo realizava aquele meu sonho, o sonho da volta ao cristianismo primitivo. Só depois de passar para o mundo espiritual foi que eu tive contato pleno com a nova revelação.
E interessante: foi no espaço em que eu me tornei espírita. Quando eu vim para a Terra, portanto, nascendo aqui no Brasil, dessa vez, e nascendo em Avaré, no estado de São Paulo, no dia 25 de setembro de 1914...
Jorge Rizzini - Um menino católico também...
J. Herculano Pires - Também de uma família católica, tendo educação católica, eu, entretanto, já trazia ideias espíritas bem acentuadas, que foram se revelando em mim independentemente de qualquer influência exterior, de maneira que, agora sim, se eu tivesse depois disso um encontro com O livro dos espíritos, numa livraria de Paris, para mim seria uma grande emoção, uma emoção extraordinária.
Allan KardecJorge Rizzini - E se você encontrasse, nesta hipótese, por uma das ruas do centro de Paris, de súbito, ao dobrar uma esquina, a figura de Allan Kardec?
J. Herculano Pires - Bom, se eu encontrasse agora, nesta época, quer dizer, depois que sou espírita, então para mim seria uma coisa extraordinária, porque Allan Kardec representa para mim a figura exponencial dos novos tempos na Terra. Assim como Jesus veio para implantar no mundo o reino de Deus, e realmente realizou esse trabalho maravilhoso de implantação do reino de Deus, ele o implantou no coração e na consciência dos homens, dos poucos homens que foram capazes de compreendê-lo até hoje, mas implantou na Terra.
E esse reino de Deus vai se desenvolvendo lentamente através dos séculos e vai se realizando apesar dos homens, de maneira que Jesus representou essa figura extraordinária, e Kardec é o seu continuador. Kardec foi aquele que veio trabalhar na era decisiva da implantação do reino de Deus em maior amplitude, quando o reino de Deus vai se efetivar na Terra. Kardec é que trouxe – recebendo o amparo do Espírito da Verdade, a revelação que o Espírito da Verdade transmitiu – esta possibilidade extraordinária de abrir as perspectivas do mundo para uma era inteiramente nova, que está nascendo aos nossos olhos neste momento, neste século 20.
Jorge Rizzini - Muito bem, Herculano. Então se passaram cento e tantos anos que Allan Kardec fez a codificação da doutrina espírita no planeta Terra. Pois bem, como você vê hoje, cento e tantos anos depois, a doutrina espírita em face da humanidade atual?
J. Herculano Pires - Vejo a doutrina espírita, nesse momento, como a única solução para os problemas que afligem a nossa humanidade. Realmente é ela que traz o remédio para todos os males do planeta. Por quê? Porque ela indica os caminhos em todos os sentidos, ela representa, neste momento na Terra, o alicerce de uma nova civilização: a civilização do futuro – para a qual talvez nós estejamos falando nesse momento.
Essa civilização do futuro será construída pelos lineamentos da doutrina espírita. A doutrina espírita é o planejamento geral dessa civilização, e ela está se erguendo nesse sentido, sobre esses alicerces – os alicerces da codificação –, incluindo-se também na codificação, é conveniente dizer, os doze volumes da Revista Espírita do tempo de Allan Kardec, redigidos por ele. Incluindo-se aí, nós temos então um vasto alicerce sobre o qual se desenvolverá a civilização do futuro. Isso nós estamos vendo agora, Rizzini, neste momento, porque nós estamos vendo que tanto no campo das ciências, quanto da filosofia, quanto no campo da religião, os lineamentos do espiritismo estão sendo cumpridos, estão sendo seguidos para a construção de um novo edifício.
Jorge Rizzini - Bem, Herculano, você acaba de abrir um parêntese aqui. Nós vamos formular, de acordo com o que você disse, três perguntas que são básicas para esses ouvintes. Primeira pergunta: como você vê, em face da evolução dos nossos dias, o aspecto científico do espiritismo? É a primeira pergunta. A doutrina espírita responde aos anseios, às interrogações da ciência moderna, nesse momento em que o homem está buscando novos mundos através da astronáutica?
J. Herculano Pires - Você tocou no ponto importante para se desenvolver o problema. Realmente, a simples pesquisa cósmica que se está fazendo neste momento já vem confirmar um dos pontos básicos do espiritismo. É o espiritismo no campo do pensamento moderno, aquela doutrina que afirmou e que vem afirmando há quase um século e meio, vem sustentando a existência real dos mundos habitados no espaço. Assim, o espiritismo precedeu de mais de um século o advento da astronáutica.
Isto bastaria para mostrar que no campo das ciências, nós encontramos no espiritismo uma antecipação muito grande a todas as conquistas atuais, porque a astronáutica, ela não resulta apenas de uma tentativa isolada de penetração no cosmos; a astronáutica resulta de um conjunto de evoluções científicas, de processos de desenvolvimento em vários campos da ciência que permitiram então essa tentativa cósmica. Mas, considerando que a ciência que mais contribuiu para esse desenvolvimento foi a física, nós podemos examinar no campo da física o que se passa neste momento. Nós sabemos que depois da penetração, na estrutura da matéria através da física atômica e depois da física nuclear, nós agora já estamos além da matéria com a descoberta, pela física, da antimatéria.
Ora, a descoberta da antimatéria representa inegavelmente um rompimento de toda estrutura puramente materialista da física do século 18 e do século 19. A física perde, por assim dizer, a sua qualidade de ciência da matéria, porque ela já passou a investigar o campo da antimatéria, reconhecendo que essa antimatéria, não obstante esteja presente junto à matéria, não obstante se entranhe, por assim dizer, na matéria, interpenetrando-a, esta antimatéria não é matéria. Por isso mesmo que lhe dá o nome de antimatéria. Ela representa um outro elemento. E, além disso, nós sabemos que esta conquista da física projetou-se, por exemplo, na astronomia, de uma maneira bastante significativa, porque os astrônomos, diante das conquistas progressivas da física no campo na antimatéria, passaram a admitir a existência de mundos de antimatéria.
Esses mundos de antimatéria no cosmo podem ser considerados por nós, espíritas, como aqueles elementos que constituem o outro mundo, o mundo espiritual de que fala o espiritismo. Ora, descobrindo-se então a existência dos mundos espirituais no espaço, nós estamos em face de uma perspectiva inteiramente nova nas ciências e que vem confirmar princípios básicos do espiritismo. Mas, caminhando ainda no campo da astronomia, nós veremos que até certos enganos verificados nesse processo científico deram resultados favoráveis ao espiritismo.
Isaac AsimovEu quero lembrar aqui, por exemplo, uma teoria exposta no livro de Isaac Asimov sobre o universo, uma teoria que ele formulou para explicar a possibilidade da existência simultânea de mundos de matéria e de antimatéria no espaço. De acordo com o que pensavam os cientistas até há pouco tempo, até a questão de uns dois ou três anos atrás, de acordo com o que pensavam os cientistas, os mundos de antimatéria eram completamente isolados, distanciados dos mundos de matéria. Não poderia haver um encontro, um contato desses mundos, porque eles explodiriam. Isso em virtude do quê? Em virtude de pesquisas de laboratório, onde a criação, a produção de uma partícula que fosse, uma partícula mínima atômica de antimatéria, essa produção não tinha duração, porque ela mal se encontrava com a partícula contrária de matéria, da sua mesma natureza, mas oposta, e as duas explodiam e, dessa explosão, resultava a formação de raios gama.
Então os cientistas chegaram à conclusão de que como há fontes no espaço, grandes fontes distanciadas da Terra, de raios gama, que eram captados aqui, essas fontes deviam representar explosões de mundos materiais e antimateriais que se encontraram. Pois bem, esta teoria levou então os cientistas a procurarem uma hipótese para a explicação da possibilidade de mundos materiais e antimateriais permanecerem conjuntamente no espaço, sem explodir durante milhões e milhões de anos. E a conclusão foi a seguinte: a hipótese mais aventada e que mais conseguiu sustentação foi a que Isaac Asimov expõe nesse livro, a hipótese de que no seu estado natural, grandes massas de antimatéria constituindo mundos, e de matéria também, ao se encontrarem, elas não provocavam explosão imediata porque, agindo uma sobre a outra, produziam um terceiro elemento, que seria uma espécie de intermediário entre a matéria e a antimatéria. A este elemento eles deram o nome de fluido. Um fluido ainda desconhecido, que separava os dois mundos e permitia que eles vivessem conjuntamente.
A explicação de Asimov é muito curiosa, porque ele diz que quando uma gota d’água cai na chapa do fogão, a gota não se evapora imediatamente, porque ao tocar a chapa ela produz vapor; o vapor a levanta sobre a chapa, ela fica no ar, e então continua ainda a existir durante um certo tempo, graças ao vapor que separa a chapa do fogão da água. Esta é a explicação que ele deu para se ter a ideia da possibilidade da convivência dos dois mundos no espaço, de matéria e antimatéria. Pois bem, essa explicação coincide com a teoria espírita do perispírito, que permite a existência conjunta do espírito e da matéria, do corpo material.
O corpo perispiritual, que é considerado no espiritismo como semimaterial, segundo nós vemos no Livro dos espíritos – quer dizer, contendo elementos de matéria e elementos espirituais –, este corpo serve de intermediário entre o espírito e a matéria. Pois bem, a teoria física para explicação da convivência de mundos de antimatéria e mundos de matéria no espaço vem reproduzir simplesmente no plano cósmico a teoria espírita existente para o microcosmo, que é o nosso corpo.
Acho que este passo da ciência é de grande importância. Mas sabemos que posteriormente, dois ou três anos depois, os cientistas soviéticos materialistas descobriram, nas suas pesquisas de laboratório, que a antimatéria existe aqui mesmo na Terra, e ligada mesmo ao átomo; o antiátomo e o átomo estão interpenetrados. Esta outra descoberta traz uma posição também muito favorável ao espiritismo, porque vem confirmar a interpenetração de espírito e matéria, que é sustentada como fundamento da doutrina espírita.
Jorge Rizzini - E você acredita, Herculano Pires, que a ciência materialista dos nossos dias, que já fez essas descobertas formidáveis, que confirmam pelo menos em parte o que a doutrina espírita vem apregoando há mais de um século, você acredita que essa ciência materialista, em particular a parapsicologia, essa ciência irá comprovar todos os fenômenos que Allan Kardec, há mais de cem anos, comprovou e deu em miúdos, em trocados, no seu livro O livro dos médiuns?
Joseph Banks Rhine J. Herculano Pires - Nem há dúvida a respeito. Nem há dúvida pelo seguinte: porque você falou da parapsicologia. Bom, nós estamos falando da física. A física é, como disse o professor Rhine – que é um dos fundadores da parapsicologia moderna –, a física foi até agora a ditadora das ciências. Todas as ciências seguiram os métodos físicos de pesquisa e basearam-se sempre nos conceitos físicos para a sua formulação de hipóteses e as suas concepções. Pois bem. Apesar disso, a física, como nós vimos, já rompeu os limites físicos da sua estrutura, ela penetrou no campo do espírito.
Quanto à parapsicologia, ela não é propriamente uma ciência que possa ser incluída no campo materialista. Aliás, foi uma das declarações mais importantes dos seus fundadores, tanto o professor Willian McDougall, inglês, quanto o professor Joseph Banks Rhine, norte-americano, a declaração de que a parapsicologia era a ciência que dava o primeiro passo no rompimento do arcabouço materialista da nossa concepção científica do universo. Realmente era, porque quando ela provou, em 1940, depois de dez anos de pesquisa intensiva de laboratório, quando a parapsicologia provou a existência da telepatia e da clarividência, sendo em primeiro lugar a clarividência, ela já demonstrou aquilo que o professor Ernesto Bozzano dizia: demonstrou que existe no homem um conteúdo que não é físico, não é material.
William McDougall Então a parapsicologia deu um passo realmente anterior ao passo da física no rompimento do arcabouço materialista da nossa concepção do universo. Mas, na parapsicologia atual, nós já vemos que praticamente a escala de fenômenos paranormais, ou de fenômenos mediúnicos, registrados no Livro dos médiuns, desde a simples transmissão de pensamento até a clarividência, a precognição – ou visão do futuro –, a retrocognição e assim por diante, subindo essa escala, nós vamos passando pelos fenômenos teta, que são os fenômenos de manifestações do espírito, e vamos chegar até mesmo a este último fenômeno que está sendo investigado atualmente que é o da memória extracerebral, ou seja, chegamos ao campo da reencarnação.
Então vemos que a parapsicologia cobriu praticamente, a partir dos fenômenos mais simples, mais rudimentares, como a telepatia e a clarividência, cobriu todo o campo fenomênico do espiritismo. Quanto à materialização, que você lembrou, ela também está incluída, não só pelas pesquisas já feitas pela metapsíquica e que a parapsicologia atual aceita – mas pretende renovar no campo de pesquisas –, mas também pelas pesquisas feitas na parapsicologia sobre os fenômenos psicocinéticos, ou seja, de ação da mente sobre a matéria: os fenômenos chamados psi-kapa.
De maneira que no campo geral da fenomenologia espírita, a parapsicologia como ciência de tipo comum, ligada às ciências normais, sem nenhuma tentativa assim de colocação do problema em termos espíritas, ela já endossou praticamente toda a verdade espírita.
Jorge Rizzini - Perfeito. Vamos então à segunda pergunta, Herculano. E a sua resposta é dirigida aos ouvintes do futuro. Esta fita pretende ser guardada, ser doada ao Museu Espírita da Guanabara. Ela, portanto, pertence ao homem do futuro. Como você vê o espiritismo hoje, em 1972, em face da filosofia?
J. Herculano Pires - Esta pergunta é bastante interessante, Rizzini, porque realmente a filosofia espírita é uma filosofia de renovação, como nós já tivemos a ocasião de ver no início da conversa. É uma filosofia que pretende renovar inteiramente a nossa concepção do mundo, da vida e do homem, e que está – não apenas pretende –, porque ela está realmente na prática promovendo essa transformação.
Nós sabemos que no nosso século, o século 20 em que estamos, a filosofia característica desse século, considerada por todos os que conhecem o assunto, é a chamada filosofia da existência, a filosofia existencial ou, como alguns chamam, o existencialismo. Pois bem, no campo da filosofia da existência, nós temos várias divisões: temos o seu nascimento, por exemplo, no meio puramente protestante, com Søren Kierkegaard. Mas temos também o seu desenvolvimento no campo católico, com Gabriel Marcel, na França, e temos o desenvolvimento também na Alemanha, no campo protestante dessa filosofia, com grandes pastores e grandes pensadores.
E temos, como sabemos, na França, ainda, o grande desenvolvimento dessa filosofia no campo, não digo materialista, mas pelo menos no campo do ceticismo e ligada praticamente ao ateísmo, que é a corrente que tem à sua frente Jean Paul Sartre. O existencialismo sartriano é a filosofia da negação, a filosofia do nada. Mas quando nós investigamos o problema do existencialismo em relação com o espiritismo, nós vemos que o espiritismo se antecipou mais de cem anos ao aparecimento, ao desenvolvimento desta filosofia em nosso tempo. Não digo propriamente o aparecimento, porque Kierkegaard é praticamente um contemporâneo de Kardec.
Søren KierkegaardMas Kierkegaard não fundou uma filosofia; ele apenas deu as notas fundamentais que seriam desenvolvidas posteriormente e que tomariam então, em nosso século, o aspecto de filosofia da existência. Portanto, o problema foi colocado, mas não desenvolvido. Ora, nós verificamos o seguinte: a filosofia da existência tem por finalidade examinar o problema do ser através da existência. A existência nos oferece a possibilidade de uma investigação do ser, não apenas no campo do pensamento abstrato, através da cogitação filosófica, mas diretamente no estudo do homem. O homem é o ser que está concretizado na Terra, manifestado na Terra. Esse homem manifestado na Terra, ele nos oferece uma possibilidade de abordagem para o estudo filosófico do ser, de maneira, podemos dizer, quase concreta.
Pois bem, essa tentativa da filosofia da existência, que inverte os termos da filosofia clássica, em vez de partir do exame dos problemas puramente espirituais para a indagação filosófica, parte da existência viva do homem na Terra – essa posição é precisamente a posição espírita. Quando Kardec afirmou que nós temos de investigar a natureza do homem através da mediunidade – porque a mediunidade oferece um novo campo para a descoberta dessa verdadeira natureza humana –, ele já se colocava na mesma posição de Kierkegaard, com uma diferença: que Kierkegaard partia, como teólogo, de uma posição abstrata, ao passo que Kardec partia, como cientista, de uma posição concreta.
Ele submetia a criatura humana a todas as experiências necessárias para investigar a realidade essencial do homem. E foi através dessa investigação que ele descobriu não só o espírito humano encarnado, mas também a possibilidade das comunicações e manifestações dos espíritos desencarnados. Isto é de importância muito grande. A filosofia da existência implica ainda no exame da importância da existência do homem na Terra, e do seu destino, o seu destino após o terminar a existência.
Podemos lembrar, por exemplo, que Martin Heidegger, na Alemanha, que foi praticamente um dos mestres de Sartre, Martin Heidegger na sua filosofia do ser – ele que se nega a se chamar existencialista, mas que se inclui na filosofia da existência, porque a sua posição é tipicamente existencial –, ele na sua filosofia do ser afirma o seguinte: que o homem, ou melhor, o ser se completa na morte... [inaudível] E de experiências de vital importância para ele, e ele completa realmente um ciclo da sua evolução, partindo então para uma experiência no espaço, da qual voltará em nova existência na Terra. Como vemos, a filosofia, no campo da filosofia, o espiritismo está também confirmado pela mais recente corrente de filosofias atuais, sem contar as confirmações anteriores, que vêm desde Platão, desde os gregos, através de todo espiritualismo na filosofia clássica.
Jorge Rizzini - Perfeito, Herculano Pires. E vamos então à terceira pergunta básica, para os ouvintes do futuro. Como você enxerga, qual a visão que você tem do espiritismo, do ponto de vista religioso, em face do mundo moderno e em face das religiões atuais, em geral?
J. Herculano Pires - Nesse campo também nós assistimos aquilo que podemos dizer uma verdadeira corrida do pensamento contemporâneo em direção aos princípios espíritas. Poderíamos lembrar, por exemplo, inicialmente, no campo do catolicismo, o catolicismo romano, que tem sido o mais renitente, o mais teimoso em permanecer no passado. Nós vemos que a Igreja Católica Apostólica Romana apresenta-se fragmentada e profundamente abalada em nosso tempo. E fragmentada não apenas na sua estrutura religiosa, social e política, mas também fragmentada no tocante ao seu pensamento, à sua solidez teológica, que desapareceu ao impacto do mundo moderno.
Então nós vemos as renovações que se passam no catolicismo, todas elas na direção da verdade espírita. Poderíamos falar exteriormente, no tocante ao culto, à liturgia, às transformações, seguindo essa tese famosa, que se tornou famosa em nosso tempo, do esvaziamento da Igreja, no sentido de esvaziar a Igreja de todos os acessórios que lhe foram dados através dos séculos, para que ela possa voltar ao cristianismo primitivo. A eliminação das imagens, dos altares excessivos, de todos os enfeites que existem na Igreja, a eliminação do ritualismo, de tudo isso que está realmente desaparecendo. Isso tudo está mostrando que, do ponto de vista exterior, as religiões – isto não se passa apenas no catolicismo, como sabemos, mas nas demais religiões –, estão caminhando para aquela simplicidade primitiva do cristianismo que o espiritismo sustenta, defende e prega. Mas no campo teológico, que é o mais importante porque é o substancial, é o campo do pensamento dirigindo as igrejas, nós encontramos essa revolução extraordinária que está aí.
Pierre Teilhard de ChardinPor exemplo, a teologia do padre Teilhard de Chardin no catolicismo. O padre Teilhard de Chardin foi quase fulminado pelos anátemas dos seus contemporâneos. No entanto, agora, a Igreja está caminhando rapidamente para a aceitação de todas as teses do padre Chardin. E quais são essas teses? Basta dizer que o padre Chardin nos parece, quando nós lemos o seu livro fundamental, O fenômeno humano, ou qualquer outro dos seus livros, nos parece um decalque, ou simplesmente uma cópia carbono, modificada um pouco para se adaptar ao pensamento católico, dos livros de Léon Denis, que foi o continuador de Allan Kardec, o discípulo dele.
Jorge Rizzini - Aproveitando essa deixa, vamos abrir um parêntese: você acredita então, Herculano Pires, que a doutrina espírita, avançando como está, avançando dia a dia por toda a superfície da Terra, acredita que o espiritismo, pelo seu desenvolvimento no sentido da amplitude do movimento espírita de todos os países, acredita que o espiritismo irá dominar totalmente, as religiões irão desaparecendo aos poucos, em face das conversões do povo, das massas?
J. Herculano Pires - Rizzini, eu não encaro precisamente assim. Eu acredito que a função do espiritismo, como, aliás, queria Kardec desde o princípio, ele não pretendeu, segundo ele declara positivamente, inclusive no livro O que é o espiritismo, ele não pretendeu de maneira alguma fazer uma nova religião, entre tantas religiões existentes na Terra. Ele queria, como codificador do espiritismo, dar uma contribuição para a modificação das religiões, para a modificação da concepção humana a respeito da vida na Terra.
Essa contribuição é que era importante, era a que ele dava grande importância. Mas nós sabemos que o Espírito da Verdade, em suas comunicações com Kardec, e outros espíritos pertencentes à sua falange, deram grande importância ao problema religioso. Por quê? Porque o problema religioso é fundamental. O homem que não estiver integrado numa concepção religiosa profunda, ele não tem as possibilidades da evolução necessária, não se abrem diante dele as perspectivas do futuro como devem se abrir. É necessário que haja religião.
Eu entendo que o espiritismo não irá dominar a Terra, como uma forma religiosa. Entendo que ele fará o que o cristianismo fez, com relação à transformação do mundo antigo, o mundo clássico greco-romano. Nós sabemos que o cristianismo modificou esse mundo em todos os seus aspectos; modificou no campo da política, modificou no campo jurídico, no campo filosófico, no campo das estruturas sociais, enfim, em todos os sentidos ele modificou, de acordo com os seus lineamentos, os lineamentos cristãos. Estes lineamentos não eram perfeitos, a modificação não foi total. Mas o espiritismo está realizando o completamento dessa obra; o espiritismo está transformando tudo através da influência dos seus princípios fundamentais, porque esses princípios correspondem à realidade, correspondem à verdade.
Jorge Rizzini - Mas o espiritismo, dominando, penetrando em toda a humanidade, reformando, trazendo à humanidade uma nova cultura, uma nova visão de Deus, uma nova visão do destino, uma nova visão cósmica, as religiões irão subsistir?
J. Herculano Pires - Acredito que as religiões podem subsistir. Não todas, é claro, porque há religiões ainda tão retrogradas, tão atrasadas mesmo no seu desenvolvimento, que não podem atingir o futuro, a não ser que se reformulem totalmente. Mas nós sabemos que uma característica do ser, ou seja, da criatura, seja ela humana ou divina, uma característica é a sua individualidade. Cada criatura humana é uma posição na corrente do tempo, assim como um barqueiro na corrente de um rio tem a sua posição própria e o outro tem outra. Cada consciência humana tem, portanto, a sua própria posição diante da vida, do mundo e dos problemas humanos.
Então, nós sabemos que os homens nunca poderiam ser totalmente aglomerados numa posição única. E essas diferenças individuais produzem também as diferenças de agrupamentos. Assim como, apesar do domínio do cristianismo durante os dois mil anos decorridos – apesar do domínio do cristianismo, nós vimos que ele se fragmentou em numerosas posições, determinadas pelas seitas religiosas –, também acredito que a modificação produzida pelo espiritismo não será igualitária do homem, não irá estabelecer uma igualdade absoluta, mas irá criar a possibilidade de uma sintonia, no tocante aos problemas fundamentais. Isto sim. Isto caracterizará a era espírita que, para nós, está surgindo agora no século 20.
Essa era espírita está marcando já os pontos fundamentais, para os quais estão convergindo todas as correntes do conhecimento, como nós vimos no campo da ciência, da filosofia e da religião. É nesse sentido que eu acredito que haja uma igualdade, não total, não massiva, por assim dizer, mas uma igualdade num plano abstrato do pensamento, numa concentração de todos os espíritas para os pontos fundamentais da doutrina espírita.
Jorge Rizzini Jorge Rizzini - Todavia, Herculano, ainda abordando esse aspecto, que é muito importante: com a evolução da técnica, com a evolução da sociedade, da humanidade em geral, escolas, faculdades, universidades, a humanidade alfabetizada, porque está marchando para isso, o problema da fome sendo resolvido no futuro com a técnica, com a ciência, e todos os povos tendo conhecimento da doutrina espírita, espalhando-se centros por todo o nosso orbe, você não acredita que esta humanidade lúcida, culta, consciente da sua posição em face do universo, você não crê que não haverá então, em nosso planeta, condição para as religiões vigentes?
J. Herculano Pires - Acho, Rizzini, que realmente a transformação será tão grande, que nós não podemos prever certos aspectos. E é até uma temeridade nós querermos falar deste assunto para o futuro. Mas em todo o caso, nós estamos dando a medida do nosso alcance no presente.
Jorge Rizzini - Mas eu estou me referindo ao futuro sem marcar data, lembre-se disso.
J. Herculano Pires - Sim, não há dúvida. Mas de qualquer forma, o futuro sempre virá trazendo coisas em que nós nem sequer pensamos hoje. Mas eu acredito que realmente não haverá necessidade de insistirmos no domínio, por exemplo, do pensamento espírita, no sentido como nós o conhecemos hoje, para todo mundo. O importante é que o espiritismo sirva de fermento, aquele fermento de que fala Jesus no Evangelho, o fermento que modifica, que leveda a massa do mundo e a transforma. É esta a grande função do espiritismo.
E ele não tem mesmo pretensões a um domínio religioso, porque ele acha – e os seus postulados são bem claros nesse sentido – que deve haver sempre, como base fundamental para a evolução das criaturas, o princípio da liberdade, sem o qual não haverá também o princípio da responsabilidade. Ora, a liberdade de cada indivíduo e a liberdade de grupos de indivíduo é que possibilitará, dentro mesmo da concepção espírita da vida, que irá dominar o planeta – a concepção espírita sim, esta irá dominar totalmente o planeta –, haverá a possibilidade de formações, de agrupamentos, de ponto de vista religioso, que possam divergir de outros agrupamentos. Acho que poderá haver realmente diversidade de religiões, mas sempre dentro de uma norma geral, que será a norma espírita.
Jorge Rizzini - Bom, de qualquer maneira, é a implantação da doutrina espírita, não nos seus detalhes, mas no seu conjunto na Terra. Seria?
Humberto MariottiJ. Herculano Pires - Sim, o espiritismo, como nós analisamos ao falar da ciência, filosofia e religião, o espiritismo está, como aquilo que escreveu Humberto Mariotti, o nosso companheiro da Argentina: o espiritismo está como uma estrela de amor no horizonte do mundo, esperando que todas as correntes do conhecimento cheguem até ela. A ciência está chegando, a filosofia está chegando, a religião está chegando, a estética está chegando, a técnica está chegando, a descoberta, por exemplo, agora recentemente pelos russos – pelos russos no seu pensamento materialista de Estado, sustentado pelo Estado –, a descoberta que eles fizeram do perispírito é um passo gigantesco no campo da técnica, mostrando que a técnica também está evoluindo para a pesquisa além da matéria e no campo espiritual.
Jorge Rizzini - E sem esquecer, Herculano, a contribuição dos próprios espíritos, através do fenômeno mediúnico.
J. Herculano Pires - Sim, é claro. É como dizia Sir Oliver Lodge: nós estamos trabalhando dos dois lados de uma montanha, furando um túnel, dizia ele. Do lado de lá está o mundo espiritual, do lado de cá o mundo material. Nós cavoucamos o túnel através da montanha, do lado de cá, mas os espíritos estão cavoucando do lado de lá. E vamos nos encontrar no meio do túnel.
Jorge Rizzini – Bem, Herculano, hoje, dia 14 de julho do ano de 1972 – até vamos dar a hora: exatamente às duas horas da madrugada –, vou pedir a você que dê a sua mensagem aos ouvintes, ao povo do futuro, sem data marcada, porque essa fita será apresentada através dos séculos. Nós, Herculano, lutamos muito, estamos em 1972, nós lutamos vinte, trinta anos consecutivos na defesa da doutrina espírita, em polêmicas, na defesa do Cristo, na defesa de Kardec, na defesa dos nossos princípios, na rádio, na televisão, nos jornais. Então eu peço a você, que traz este lastro, esse currículo maravilhoso na defesa da doutrina, que dê a sua mensagem de estímulo aos espíritas do futuro.
J. Herculano Pires - Eu acho, Rizzini, que a minha mensagem não poderá ser de estímulo a eles. Acredito que essa gente do futuro será tão superior a nós, terá tantas possibilidades maiores diante dela, que essa gente do futuro dispensaria qualquer palavra de estímulo de nossa parte.
Eu quero apenas saldar, nesses elementos do futuro, nesses homens maravilhosos de amanhã, nessas criaturas que irão povoar não só o nosso país, o Brasil, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, mas que irão povoar todos os países do mundo, quero saldar neles a aurora do novo mundo que está raiando na Terra. E quem sabe, Rizzini, se nós teremos a esperança de estar também presente nessa humanidade nova. Se nós fizermos jus a essa situação, quem sabe se estaremos participando daqueles que irão realmente efetivar na Terra a construção do reino de Deus, iniciada pelo Cristo há dois mil anos. É bem possível que isso aconteça.
Então, eu, deixando gravadas aqui essas minhas palavras, despretensiosamente – porque o problema delas serem reproduzidas no futuro não é nosso, é um problema que depende apenas dos organismos que forem guardar essa fita –; deixando essas palavras aqui, eu quero dizer a essa gente de amanhã que nós trabalhamos para que o amanhã se realizasse, nós lutamos aqui no Brasil, como lutaram outros na Europa, lutaram outros na América do norte, lutaram outros na América do sul, lutaram outros na Ásia, na África, por toda parte. Lutamos para que o espiritismo pudesse ser estabelecido na Terra como fundamento da nova civilização, do mundo do futuro.
Assim, nós temos de certa maneira um orgulho antecipado, uma satisfação, um encantamento prévio por aquilo que essa gente do futuro estará realizando. Porque nós todos fizemos o nosso esforço, e demos tudo o quanto pudemos para transformar o mundo bárbaro em que vivemos hoje, o mundo do século 20, que é ainda um mundo bárbaro, um mundo de violências, um mundo de guerras, um mundo de provas duríssimas, de tristes e amargos sofrimentos; transformar este mundo bárbaro naquele mundo de maravilhosa civilização, de elevação espiritual, de fraternidade humana, anunciado pelo Cristo no seu Evangelho. Nós procuramos fazer o possível, nas nossas imperfeições, com as nossas deficiências e dificuldades, nós batalhamos sem cessar para isso e continuaremos a batalhar.
Prise de la Bastille, por Jean-Pierre HouëlÉ assim que envio daqui, nessa noite de 14 de julho de 1972, em São Paulo, Brasil, no momento em que nós lembramos as lutas da Revolução Francesa, as lutas para a implantação no mundo do regime político mais suave, melhor; quando os pioneiros do momento em que nós estamos, no presente, também lutaram e sofreram como nós; lembrando a epopeia da queda da Bastilha e lembrando também que, na Revolução Francesa, nos ideólogos dessa Revolução, nas transformações que ela produziu no mundo, nós podemos encontrar muitas raízes, por assim dizer, do pensamento espírita, que se desenvolveram através do tempo – problema esse que eu procurei colocar no meu livro O espírito e o tempo, mostrando a Revolução Francesa como um episódio alegórico da história do mundo, um episódio em que o mito e a história se misturam de tal forma que muitas vezes se confundem.
Lembrando tudo isso, nós queremos dirigir também a nossa saudação neste momento à França de amanhã, à França que viu Kardec nascer, à França que viu o espiritismo nascer em seu seio, na cidade de Paris – que era então o cérebro do mundo –, à França que teve Léon Denis – aquele que Conan Doyle dizia ser um lutador contínuo através do espaço e do tempo –, de Gabriel Delanne, de Alexandre Delanne e de todos os demais, Flammarion, o grande Flammarion, que anteviu a era cósmica com tanta visão, tanta grandeza de visão.
À França de todos esses gênios e de todos os gênios que realmente lutaram para que o mundo se transformasse, nós queremos enviar daqui a nossa saudação à França de amanhã, à França do futuro, na esperança de que ela – que neste momento, no século 20, está ainda numa situação bastante inferior em face do desenvolvimento do espiritismo –, que ela tenha readquirido no futuro o seu elã espiritual, e através disso tenha realmente feito jus à sua condição de berço do espiritismo ao mundo, de berço da doutrina que trouxe a nova civilização. Esperamos muito da França, e temos a certeza de que, se Deus quiser, brilhará sobre a França, no futuro, o triunfo do espiritismo.
Jorge Rizzini - E aqui, ouvintes do futuro, fica o depoimento de José Herculano Pires. Que você possa tirar dessas palavras, saídas da inteligência e do coração de Herculano Pires, o melhor proveito. Que essas palavras sejam para você um estímulo, para que continue a praticar e a divulgar, a propagar a doutrina espírita, que é a redenção da humanidade, dessa humanidade que vai marchando gradativamente a caminho de Deus, que é o criador do universo, o criador da vida e o nosso verdadeiro pai. Que Deus nos abençoe hoje e sempre.