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domingo, 28 de agosto de 2011

Entrevista com o escritor espírita Wanderley Soares de Oliveira

"A Doutrina veio para a multidão", diz Wanderley Soares de Oliveira

 
Por Manoel Fernandes Neto
Editor do portal Nova Era

Uma das vozes mais atuantes do estudo e divulgação do Espiritismo, o médium e palestrante de Belo Horizonte, Wanderley Soares de Oliveira, tem seu foco direcionado para a estudada reforma íntima no Espiritismo. Com mais de 20 livros publicados junto com a autora espiritual Ermance Dufaux, Wanderley surpreende os menos avisados ao desenhar um mundo de conflitos para aqueles que, em tese, não teriam motivos para isto: os próprios espíritas. São vários os episódios de seus livros que descrevem um desencarne dolorido para o espírita ao chegar ao chamado "outro lado".
Esta franqueza em expor pontos de vista com certeza não é unanimidade. Registram-se notícias de que seus livros não estão nas estantes de casas espíritas não "antenadas com o século XXI", em que a Doutrina Espírita é acessada por todos em livros, na TV, cinema, internet. "As organizações vão passar, o Wanderley Oliveira vai passar. Por isso, estou sempre examinando o que verdadeiramente me pertence em todo esse conjunto de experiências", afirma o autor. Ou ainda, em sua definição da frase que deu título a esta entrevista: "A Doutrina veio para a multidão".
Terapeuta Master & Practitioner em PNL, Wanderley Soares tem uma programação ampla na região, com palestras em Blumenau e Gaspar, e o lançamento de seu novo livro com Ermance Dufaux - "Diferenças não são defeitos", na sexta-feira, dia 15/4, na S.E. Nova Era. Veja a programação.
Com uma atuação marcante na Internet, com site profissional em www.wanderleyoliveira.com.br e o blog www.wanderleyoliveira.blog.br, o palestrante é um entusiasta quando o assunto é a rede, principalmente em virtude de sua diversidade: "A internet é um lugar para gente e não para gurus ou monopolizadores da verdade", diz.

Manoel Fernandes Neto - Nos Livros de Ermance Dufaux psicografados por você e em suas palestras, são apresentados recursos para conquista da reforma intima. Como estas ferramentas são recebidas, pelo público espírita e pelo movimento espírita federativo?
Wanderley Soares de Oliveira - As notícias positivas em relação à receptividade das obras de Ermance Dufaux e de nosso trabalho de exposição doutrinária são significativamente saudáveis e positivas.
Em relação à natural rejeição de alguns grupos ou pessoas eu, em particular, nunca guardei expectativa de agradar a todos e creio não ser esta a intenção da autora espiritual. Nem nosso Mestre conseguiu isso. Procuro sempre me fixar no lado bom do trabalho, com o qual procuro me motivar.
Cheguei a uma percepção que me parece bem razoável e verdadeira quanto às pessoas que relutam em aceitar os ensinos espirituais de Ermance Dufaux: no fundo elas não estão em conflito com os livros, mas consigo mesmas.



NOVO LIVRO
“Deus fez o homem à Sua imagem e
semelhança e não à Sua igualdade.
A beleza da vida está no ato de todos
serem diferentes e terem algo de
novo a nos ensinar.
Compete abrirmo-nos para esse
mundo novo de vivências altruístas
e ricas de diversidade.
É o desafio de conviver com
a particularidade alheia, sem
querer, arrogantemente,
adaptá-la à nossa visão pessoal.”
Ermance Dufaux

SINOPSE:
Cada um tem o seu jeito de ser, de fazer e de acontecer. Ninguém será exatamente como gostaríamos que fosse. Quando aprendemos a conviver bem com os diferentes e suas diferenças, a vida fica bem mais leve. Diferenças não são defeitos, aprenda esse grande SEGREDO e conquiste sua liberdade pessoal.
ALGUMAS ABORDAGENS:
1. Modelos Mentais de Julgamento.
2. Ser espírita sem ser perfeccionista.
3. Reeducação Sexual e Afetiva.
4. Conviver com Diferenças e Diferentes sem Amar Menos.
5. A Arte de Aceitarmo-nos como Somos.
6. Estudando a Doença Mental da Rigidez.
7. Como é tratada a doença da rigidez no Hospital Esperança.
8. Como se tornar um médium psicógrafo parceiro.

Acesse:
Hot site da obra

 
As lições de Ermance são espelhos que refletem com muita lucidez a nossa realidade espiritual. Mesmo usando de fraternidade e inteligência com os assuntos abordados em seus livros, de fato, não é fácil aceitar que, nós espíritas, não estamos com nossos assuntos conscienciais e espirituais resolvidos apenas em função de cargos e encargos, tempo de Espiritismo ou outras referências que costumam ser adotadas como indicadores de progresso espiritual individual, em nossa comunidade. Isso incomoda pra valer!
Todo trabalho público é criticado e aplaudido. Procuro nas críticas e nos aplausos somente o que for bom para minha melhoria, ciente de que o que estou fazendo é o melhor que posso, embora não guarde nenhuma intenção de que seja o melhor trabalho que esta sendo realizado no momento. Não faço comparações.
As organizações vão passar, o Wanderley Oliveira vai passar. Por isso, estou sempre examinando o que verdadeiramente me pertence em todo esse conjunto de experiências. Nesse sentido, quem convive comigo e me conhece sabe como estou em paz e com disposição espiritual renovada.

Manoel Fernandes Neto - Que critérios orientam as casas espíritas que não condizem com a codificação trazida por Allan Kardec?
Wanderley Soares de Oliveira - Cada grupo tem seu jeito, cada casa tem sua forma. Só mesmo quem se adoeceu na arrogância pode sair por ai ditando o que é certo e o que é errado em assuntos do Espiritismo.
A doutrina não precisa mais disso. O Espiritismo precisa mesmo é de pessoas fraternas, que saibam respeitar os diferentes e suas diferenças e que não permitam intoxicar seu senso de responsabilidade com o orgulho que incha a mente de soberba.
Eu fico com a fala sábia e universalista de Allan Kardec no item 348 de O Livro dos Médiuns:
“Os grupos que se ocupam exclusivamente com as manifestações inteligentes e os que se entregam ao estudo das manifestações físicas têm cada um a sua missão. Nem uns, nem outros se achariam possuídos do verdadeiro espírito do Espiritismo, desde que não se olhassem com bons olhos; e aquele que atirasse pedras em outro provaria, por esse simples fato, a má influência que o domina. Todos devem concorrer, AINDA QUE POR VIAS DIFERENTES (o gripo é meu), para o objetivo comum, que é a pesquisa e a propaganda da verdade. Os antagonismos, que não são mais do que efeito de orgulho superexcitado, fornecendo armas aos detratores, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender.”

Manoel Fernandes Neto -
Quais as maiores dificuldades para a edificação de uma verdadeira reforma íntima?
Wanderley Soares de Oliveira - Acredito que seja o conflito interior que surge quando tomamos conhecimento de que não somos quem gostaríamos de ser e temos que aceitar quem realmente somos.
Como não fomos educados para saber como gerenciar esse conflito, assumimos uma postura de inimizade conosco mesmo.
Esse processo é a origem do martírio, isto é, as dores que adicionamos ao nosso processo de crescimento espiritual. Renovar já é muito difícil. Com martírio, pior ainda.

Manoel Fernandes Neto -  Fale-nos um pouco, se possível, sobre educação emocional.
Wanderley Soares de Oliveira - Volto à resposta da pergunta anterior. Uma das iniciativas para favorecer uma reforma íntima mais consciente é preparar as nossas casas espíritas, para ajudar a desenvolver emocionalmente o homem que busca o Espiritismo como fonte de libertação.
Sem preparação e treinamento, a renovação das atitudes se torna mais dolorosa.
Nesse sentido, o foco mais emergente a investir nas agremiações do Espiritismo é colocar evangelho e doutrina espírita em afinidade com educação emocional.
Quando apenas estudamos Espiritismo com foco em conteúdos, corremos o risco de congestionar o cérebro com um farto conhecimento sobre a vida e suas leis, e não sabermos como usar essa bagagem em favor da edificação da paz e da harmonia íntima que tanto buscamos. Dessa forma, amealhamos muita informação, sem operar a transformação.
Além de cursos sistematizados de Espiritismo, estamos necessitando de cursos sistematizados de autoconhecimento à luz do Espiritismo. Do contrário, podemos ter vastas noções sobre doutrina e continuarmos sem saber nada ou quase nada sobre as causas profundas de nossas dores e mazelas. Não é por outra razão que lamentavelmente, muitos espíritas estão desencarnando e experimentando muitas aflições e angustias na vida espiritual. E a ferramenta mais eficaz que conhecemos para todo este processo, legada por Jesus, é o evangelho, pois ele trabalha diretamente nossos sentimentos.

Manoel Fernandes Neto - 
Você tem um trabalho marcante na internet, como você analisa as redes para benefício do aprimoramento do ser?
Wanderley Soares de Oliveira - As redes sociais, na minha modesta opinião de internauta, é a porta que se abriu na humanidade para uma mudança na linguagem nas relações humanas.
Essa mudança de linguagem implica numa nova forma de expressão da pessoa como ser humano que ela é.
Ao mesmo tempo em que as redes são um reflexo da linguagem das gerações de espíritos que renasceram recentemente, ela também molda a postura de quem não está adequado à forma de se comunicar dos tempos novos.
Alguns pontos claros dessa linguagem são: desejo sincero de manifestar sua opinião sem esperar louvores ou reverências; compartilhamento de conhecimento sem os exageros da idolatria; cooperação e interesse altruísta em ver sua comunidade da rede satisfeita; coragem para a proximidade, mostrando seu lado humano e falível.
As redes são um lugar para relacionamentos. Pessoas acostumadas a comandar massas e inaptas a conviver com o ser humano, terão muita dificuldade no formato das redes sociais. A internet é um lugar para gente e não para gurus ou monopolizadores da verdade.
As redes estão horizontalizando as relações humanas, colaborando intensamente no desenvolvimento de uma mentalidade de cooperação e participação, sem os frágeis e desgastados papéis verticais de controle e falsidade.

Manoel Fernandes Neto - 
Qual a sua opinião sobre os temas e livros espíritas levados para as telas do cinema e teledramaturgia? Existem riscos de uma exposição em massa da doutrina?
São excelentes iniciativas. É muito saudável que as pessoas saiam do cinema com seus pontos de vista pessoais. Com suas dúvidas particulares. Os filmes e teatros estão possibilitando a discussão.
A doutrina veio para a multidão. Esse receio de exposição em massa só pode surgir na cabeça de quem acha que ela tem que passar por um “controle de qualidade”. Parabéns às entidades que participaram dessa iniciativa, incluindo a honrosa FEB – Federação Espírita Brasileira.
A tarefa do centro, da doutrina e do espírita para com as massas pode ser resumida assim: consolar a dor de quem pede ajuda, esclarecer e preparar o homem para ser responsável pela sua existência, deixar claro que só o amor liberta e oferecer-lhes preciosas reflexões sobre como vencer o materialismo. A casa espírita que não oferece essas condições para que o homem seja alguém melhor e mais feliz, não está antenada com o século XXI, e pode, distraidamente, fugir dos propósitos superiores das organizações que se propõem a educar espiritualmente a humanidade.

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