Afinal,
onde se esconderia o suposto verdadeiro Emmanuel? Dizem alguns que
nada é culpa dele. Sua principal editora lhe haveria deturpado as
obras, os problemas que não se devem ao rustenismo da F.E.B. seriam do
médium Chico Xavier... E por aí vão as mais complexas teorias de
conspiração.
O
que sobra, portanto, de tão extraordinário, que estimule uma jornada
por dezenas de suas obras, em meio aos mais absurdos desvios
doutrinários ali presentes?[1] Será que vale a pena fazer tanto caso do
que esse espírito “tentou ditar”? Um Espírito Superior viria à Terra em
missão e ficaria assim, prisioneiro de um médium omisso, que não lhe
teria defendido os ditados e que, noutros casos, haveria interferido
tanto a ponto de deturpá-los diametralmente?
Não
é uma temeridade insistir na citação de seus supostos acertos? Que
acertos? As infindáveis lições de moral? Moral essa o tempo todo
contrarreformista, inimiga da crítica, palavra que ele, pela F.E.B. ou
por outras editoras, sempre associou a discussões inúteis, perturbações
de gente que não ama e não trabalha no bem? Essa seria uma moral
cristã? Mais ainda, uma moral espírita?
Na
verdade, Emmanuel continua um jesuíta de ofício e um pseudossábio
padrão. Só há lições naquele mesmo tom inicial dos antigos livrinhos
para “preparação de ambiente”; hoje, verdadeiros mantras para formar
espíritas apáticos, quase manuais do fabricante, a ser lidos
pontualmente, antes de mais nada, na maior parte das reuniões espíritas
de todo o País e até do exterior. Valha-nos o Espírito de Verdade!
O
fato é que, quanto mais aprofundarmos o emmanuelismo, mais a sua
incompatibilidade com o Espiritismo se evidenciará. Devemos seguir
Herculano Pires e não ter medo de mudar. Se não, vejamos:
De
uma vez por todas, é preciso que usemos a cabeça, comparando as
tolices ramatisianas, feitas para ridicularizar a doutrina, com as
páginas equilibradas e os ensinamentos sensatos da codificação, bem
como de Emmanuel, de André Luiz, de Hilário Silva e outros mensageiros
do Alto.[2]
O
Espiritismo estaria sujeito à mais completa deformação, se os
espíritas se entregassem ao delírio dos caçadores de novidades. André
Luiz manifesta-se como um neófito empolgado pela doutrina, empregando
às vezes termos que destoam da terminologia doutrinária e conceitos que
nem sempre se ajustam aos princípios espíritas.[3]
De
“mensageiro do Alto”, cujas obras, inicialmente, recomendava ao lado
dos livros da própria codificação, André Luiz foi rebaixado por
Herculano Pires a simples “neófito empolgado”, em cujos trabalhos o
mestre paulista passou a identificar termos e conceitos destoantes de
Kardec. Evidentemente, isso foi ocasionado por uma releitura, por um
aprofundamento crítico bem próprio dos que se revisam constantemente.
Palmas para ele. Ora! Quem fez os prefácios a André Luiz? Justamente
Emmanuel. Prefaciar um neófito empolgado que destoa de Kardec não é lá
uma grande glória. A hora de o jesuíta enfrentar a crítica de Herculano
estava chegando. Mas outros afazeres chamaram o filósofo de Avaré ao
seu mundo ideal.
Sergio Aleixo
Escritor e palestrante espírita. Vice-presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro.
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