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sábado, 17 de dezembro de 2011

A alegria de doar-se


Caminhando pela rua, Leonardo pensava em como ele era infeliz. De família pobre, seus pais tinham que trabalhar muito para sustentar a ele e a irmãzinha.
Assim, embora não lhes faltasse comida, roupa, material escolar e outras coisas necessárias, Leonardo sentia falta de poder comprar aquelas pequenas coisas que tanto agradam às crianças. 
Ele já estava com onze anos e queria ter o que seus colegas tinham: roupas novas, um par de tênis de marca, boné e tantas coisas mais.
Com a chegada do Natal, esses pensamentos surgiam com mais força em sua cabecinha.
Seus pais sempre lhe ensinaram que Jesus é o Amigo de todos e que nos ajuda na medida das nossas necessidades. Mas Leonardo estava cansado de esperar uma vida melhor, que não chegava nunca.
Desanimado, ele andava a esmo, de cabeça baixa, sem se preocupar para onde estava indo. De repente, ele viu-se num bairro diferente e bem mais pobre do que aquele onde morava. 
Assim, meio perdido, Leonardo viu um grupo de garotos que se dirigia para um grande barracão um pouco adiante. A turma mostrava tanta animação que ele, curioso, resolveu segui-los. Mais perto, viu que outras crianças para lá também se dirigiam.
Chegando ao barracão, ele parou preocupado. Será que tem alguém cobrando ingresso? Se houvesse, ele não tinha dinheiro para pagar. Tranquilizou-se, porém, quando viu à porta uma moça bonita e sorridente que dizia:
— Sejam bem-vindos! Entrem e acomodem-se!
Depois, ao ver um menino muito pobrezinho chorando, bem à frente dele, ela abaixou-se e consolou o garoto enxugando-lhe as lágrimas. Leonardo ficou impressionado com o carinho que ela demonstrou.
Ele entrou e sentou-se a uma mesa grande, onde já estavam outros garotos. Logo, a moça bonita pediu silêncio e falou em voz alta:
— Nesta Casa, o que fazemos é em nome de Jesus, que nos deu tudo o que temos. Então, vamos agradecer-lhe pelas bênçãos que tem nos ofertado.
As crianças se calaram e ela fez uma linda oração, agradecendo ao Mestre Jesus por aquela Casa, pelas oportunidades que lhes proporcionava de poderem trabalhar, e também pelas dádivas que recebiam de corações generosos, que lhes possibilitava repassar o resultado às crianças ali presentes.
Após a oração, começaram a servir uma deliciosa sopa. Como Leonardo estivesse com fome, ele comeu e ainda repetiu, com satisfação. Após todos terminarem, os trabalhadores da casa entregaram um pacote com balas e doces para todos.           
Leonardo estava encantado. Sentiu-se tão bem naquele ambiente, com aquelas pessoas, que sentiu vontade de permanecer ali. Quando as crianças começaram a sair, ele aproximou-se da moça bonita e perguntou:
— Vocês fazem sempre isso? 
— Receber as crianças e distribuir sopa? Sim, todas as semanas.
— Por quê?
— Porque temos recebido muito de Jesus e precisamos aprender a dividir com quem tem menos do que nós. E, nessa época de Natal, as pessoas ficam mais generosas e temos mais o que repartir. Como se chama?
— Ah!... Leonardo.
— Muito prazer, Leonardo. Eu sou Renata. As crianças e jovens que vêm
aqui são muito pobres e geralmente nada têm em casa. Por isso, pedimos a pessoas de boa vontade que nos ajudem e, com o resultado da coleta, fazemos a sopa e, quando temos outras coisas, como roupas, calçados e doces, dividimos com todos.
Leonardo despediu-se de Renata e saiu rápido. Não queria que ela visse como ele estava emocionado.
De volta para casa, pensando na situação daquelas crianças que encontrara, Leonardo chegou à conclusão: ele, que tanto reclamava da vida, tinha tudo. Na verdade, nada lhe faltava, apenas aqueles supérfluos que os outros meninos tinham e que ele também desejava. Tudo isso, porém, agora lhe parecia tão pequeno!...
Uma nova compreensão da vida o envolveu, com a certeza de que nada lhe faltava. Lembrou-se dos pais que se esforçavam tanto para dar-lhe tudo, e uma imensa gratidão por eles tomou conta do seu coração.
Entrando em casa, viu a família reunida e intimamente agradeceu a Jesus por ter seus pais e pela irmãzinha.
— Onde estava meu filho? Há horas estamos procurando por você! — indagou a mãe, preocupada.
— Não se preocupe, mamãe, estou bem! Aliás, nunca estive tão bem em toda minha vida! — comentou, abraçando-a.
Depois se acomodou no meio deles e disse:
— Vou contar-lhes onde estive hoje.
E passou a narrar o que tinha acontecido. Quando terminou, eles também estavam emocionados. Ele concluiu:
— Papai! Mamãe! Quero que me perdoem! Sempre fui injusto com vocês; julguei que não tinha nada.
Agora vejo que sempre tive tudo. Aquelas crianças não têm comida, nem roupas, e muitas delas, nem família. Então, quero dar um pouco do que tenho a elas.
Os pais concordaram, animados. E até a irmãzinha querida ajudar.
Na semana seguinte, Leonardo retornou àquela Casa com sua família e um monte de roupas, calçados, livros e brinquedos, que não tinham mais utilidade para eles.
O mais importante: os pais também queriam participar ajudando naquilo que fosse necessário.
Renata, muito feliz, abraçou-os, contente:
— Bem-vindos os novos trabalhadores da seara de Jesus!
E quando chegou o Dia de Natal, reunidos no modesto lar, a família comemorou a vinda de Jesus ao mundo, com os corações repletos de íntima alegria, pela nova atividade de auxílio ao próximo que haviam iniciado. 

                                                                  MEIMEI 

(Recebida por Célia X. de Camargo, em Rolândia-PR, em 21/11/2011.)

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