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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Os pais das Crianças Índigos também são especiais?

Psicóloga clínica, formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) e pós-graduada em Administração do terceiro Setor pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ercília Zilli é presidente da Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas (ABRAPE), mestre em Ciências da Religião. Participados programas “Nonos Rumos” e “Abrindo a Bíblia”, da Rádio Boa Nova de Guarulhos, Estado de São Paulo, dos quais é apresentadora. Autora do livro “ O Espírito em terapia, hereditariedade, destino e fé”, escreve para jornais, revistas e sites espíritas.
Nesta entrevista, Ercília analisa o comportamento das Crianças Índigo, as dificuldades da família e da sociedade em entendê-las e relacionar-se com elas, destacando a importância do diálogo e da fraternidade.

O livro “Crianças Índigo” de Lee Carroll e Jan Tober foi publicado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1999. Desde essa época, o número de casos naquele país aumentou muito. Existem registros dessa ocorrência entre nós? 

R.: O termo “crianças índigos” é relativamente novo. Embora haja uma constatação de que estão nascendo, cada vez mais, crianças “inteligentes”, não conheço nenhuma pesquisa que constate essa incidência no Brasil. No entanto, é evidente e alvo de comentários, bem como propagada pela mídia, a certeza de que as crianças já nascem praticamente sabendo como usar, por exemplo, os computadores, que dão tanto trabalho aos seus pais...

Na sua opinião essas crianças são realmente o expoente de uma nova geração à qual se destinaria o orbe terrestre nessa fase de transição para um mundo de regeneração como você prevê o Espiritismo? 

R.: Como espírita acredito que estejamos no limiar de uma nova era, a qual chamamos de regeneração. Para que haja regeneração é necessário que a evolução dos espíritos que, ainda estagiam, aconteçam e que outros, mais preparados, encarnem na Terra. Creio que é nessa premissa onde se encaixam os espíritos que estão reencarnando e sendo denominados de “índigos”. Para que haja renovação é fundamental que as coisas sejam feitas de uma maneira transformada.

Foi criada alguma categoria para enquadrar os índigos?

R.: Tendo em conta o que a psicologia postula e que é regulamentada pelo Conselho Regional de Psicologia (CP), nenhuma categoria foi oficialmente criada para enquadrar tais crianças. Existe uma realidade sendo observada, mas a criação de uma classificação na psicologia ou mesmo na medicina, ainda pesquisa e fundamentação.

Na sua opinião qual a característica predominante nas crianças índigo?

R.: Penso que a inteligência, a capacidade de se manterem “autênticas” em situações diferentes, a consciência da necessidade de serem respeitadas, além de sua sensibilidade, extremamente aguçada.

A aura azulada dessas crianças tem alguma significação especial?

R.: Não estou absolutamente convencida de que a aura tenha uma cor estática e, sim, que talvez passe por alterações de acordo com os estados emocionais. Mas é possível que haja uma cor predominante, de acordo com as conquistas do espírito. Essa aura azulada pode indicar, também, uma habilidade predominante.

Existem índigos adultos entre nós buscando terapias que os ajudem a vencer suas dificuldades de convívio?R.: Sim, vários. Quase sempre são pessoas muito sensíveis e inteligentes, porém, que não tiveram a educação familiar e escolar adequadas.

Como explicar a ocorrência do Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) e do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) nessas crianças tão especiais?

Os desajustes familiares causam esses transtornos?
O uso de drogas, como a Ritalina, deve ser evitado? 
R.: Estamos lidando com novos padrões mentais e, portanto, de comportamento. Nosso cérebro, que é reducionista em relação ao potencial da mente, vibra numa freqüência média que tem servido de padrão para mensuração e comparação. Mas, se estamos falando em novas crianças ou novas formas de existência, talvez tenhamos que rever as nossas normas de medição para adaptação às novas necessidades. Observo que muitas crianças, extremamente inteligentes e sensíveis, são portadoras de disritimia cerebral. Suas características são semelhantes às descritas no livro Crianças Índigo. Os desajustes familiares são prejudiciais tanto a essas crianças como as outras, incluindo o casal. Se a criança for muito sensível, poderá reagir negativamente a esse tipo de pressão e também de uma vibração negativa constante. Mas acredito que essas crianças precisem mesmo é de uma educação e de uma escola que estimule o crescimento, à autoconfiança e à preservação de sua independência em situações adversas. Criar filhos é tarefa difícil, requer muita atenção e dedicação. É muito freqüente que as pessoas queiram ter filhos para se “completarem”. Acredito que deveriam se candidatar a pais somente quando se sentissem habilitados e com prontidão para esse tipo de tarefa. A medicação só deve ser usada quando absolutamente necessária, sendo importante a indicação de um médico consciente que busque conhecer o histórico familiar e a realidade escolar.

Em busca da cura, os pais dessas crianças recorrem à terapias alternativas consideradas holísticas. Quais os riscos a que expõem seus filhos? Esse é um mal menor que a Ritalina causa? 

R.: Muitas vezes os pais falam que buscam a cura. Mas qual é a doença? O que é doença? O problema não é somente o tratamento, mas o conceito. O tratamento poderá ser até medicamentoso, mas não prescinde de atenção, carinho e limites.Tenho escutado mães pedindo que os médicos receitem Ritalina, pois não agüentam mais a agitação e as queixas escolares; no entanto, nesses casos, também percebi a dificuldade de colocar limites claramente e mensagens ambivalentes no relacionamento com a criança. Por exemplo: um adolescente que via vultos, andava pela sala de aula sem dar atenção ao professor e que já havia sido “convidado’ a se retirar de algumas escolas tinha permissão, aos 15 anos, para dirigir o carro da mãe... Quando o desajuste é muito sério, as várias causas devem ser analisadas e o tratamento terá que contemplar as prioridades. Se for Ritalina, Rivotril ou mesmo terapias alternativas, uma solução deve ser buscada e experimentada, mas os pais, separados ou vivendo juntos, devem sempre que possível, atuar em conjunto para evitar a manipulação, tanto de um em relação ao outro, como da criança em relação a cada um deles.

O que o centro espírita pode oferecer para ajudar as crianças índigo?

R.: Os centros espíritas podem oferecer, em primeiro lugar, esclarecimento. O Espiritismo, por seu aspecto religioso, filosófico e científico, tem por premissa esclarecer através da fé raciocinada. Ou seja, Ter uma lógica. A associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE) tem recebido solicitações de temas relacionados à saúde mental e temos falado sobre Transtorno Bipolar, Depressão DDA, TDAH, Síndrome do Pânico, entre outros. Considero de extrema importância que os colaboradores dos centros espíritas estejam informados, para que possam orientar os freqüentadores e assistidos de forma correta e objetiva, cumprindo a integração proposta pela Doutrina Espírita no seu aspecto tríplice. É preciso buscar o profissional da área de conhecimento desejada para formação de grupos de estudos, palestras e treinamentos. Sou favorável a tratamentos combinados quando necessário. Os passes aplicados nos centros espíritas são eficazes na estabilização das ondas mentais citadas pelo Espírito André Luiz no livro “Libertação”. As ondas mentais estabelecem faixas de sintonia mais ou menos favoráveis e nos passes, aliados ao esclarecimento quando necessário, juntam-se ao medicamento adequado e na dosagem correta, produzindo efeitos libertadores. Não estou me referindo a ajustar espíritos com grande potencial de transformação – moral e espiritual- uma sociedade desajustada, mas oferecer o equilíbrio e o alimento de que necessitam para a tarefa de renovação a que vieram.

Quanto aos educadores, como conscientizá-los dessa realidade que explica, ao menos em parte, o comportamento incontrolável de muitos alunos, a indisciplina na sala de aula?

R.: Para um mundo de regeneração precisamos de uma nova pedagogia. Creio que aqui iniciamos uma discussão muito mais profunda que envolve o sistema de ensino, as premissas pedagógicas e a motivação ou falta da mesma e da valorização de uma classe fundamental na área de formação da crianças, futuro adulto. Esse é um capítulo à parte, carente em todos os sentidos. Como exigir disciplina sem dispor de uma pedagogia que motive, respeite e conscientize o aluno? Como exigir mais professores?

Os psicólogos espíritas estão preparados para atender a essa demanda que, ao que tudo indica, vai aumentar?

R.: Os psicólogos espíritas que atuam junto à ABRAPE aplicam, exclusivamente, as abordagens acadêmicas aceitas pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP). Nosso diferencial é a própria formação que vê e respeita o ser humano de forma integral. Assim, sem fazer proselitismo, mas usando a mesma linguagem das pessoas que nos procuram, sem preconceito, conseguimos estar atentos a essas diferenças, independente de haver uma classificação formal para elas. Esperamos que essas diferenças continuem para que a regeneração se processe, porém de forma mais harmônica. A ABRAPE tem como propósito não só o estudo integrado da psicologia ao Espiritismo, mas também viabilizar o seu alcance a pessoas que, de outra forma, não teriam acesso à psicoterapia. No momento um dos nossos projetos, O “Terapia Social”, oferece mais de 1.500 consultas mensais gratuitas.

O tema “crianças índigo” não merece um debate aberto para a sociedade?

R.: O tema “crianças índigo” bem como outros de interesse que ajudem a compreensão integral do homem, incluindo seu aspecto espiritual, merecem um debate aberto e sem preconceito de todas as áreas de estudo. É fundamental que as áreas do saber permutem informações, que se completem para uma melhor compreensão do espírito encarnado e possam cooperar, em conjunto, na sua evolução.

Qual é sua opinião sobre o livro de Lee Carroll e Jan Tober?

R.: Como uma grande reportagem, acho “Crianças Índigo” muito interessante. Cada leitor poderá fazer as adequações às suas próprias informações. O livro também levanta a necessidade de maior atenção e contato com as crianças, ressaltando espiritualidade as informações que nos dão, muitas vezes sem perceber> Aponta, ainda , a necessidade de novas formas de relacionamentos interpessoais, principalmente entre pais e filhos e nos exorta a aprender com crianças.

Que mensagem gostaria de endereçar aos pais dessas crianças?

R.: Como espírita, não acredito no acaso. As tarefas que enfrentamos hoje são aquelas já assumidas durante a elaboração do nosso projeto reencarnatório. Então, naquele momento, nos achamos suficientemente fortes para realizarmos ações que hoje nos parecem tão difíceis. Seria bom retomarmos essa força e olharmos para os nossos filhos como dádivas de Deus; como doações que fizemos de filhos dele aos cuidados. Por vezes, nos cansamos, mas Ele não se cansa nunca. Se você faz parte do grupo de pais que receberam a incumbência de acolherem esses espíritos que renovarão o planeta, coragem, pois você também é especial!

 
Ercilia Zilli - CRP n° 06/13.432-7Psicóloga Clínica, Mestre pelo Programa de Ciências da Religião – PUC, Pós-graduada em Administração para Organizações do Terceiro Setor pela Fundação Getúlio Vargas, Presidente da ABRAPE – Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas, Membro da Associação Americana de Aconselhamento (ACA, Membro da Associação dos Valores Espirituais, Éticos e Religiosos em Aconselhamento (ASERVIC), Membro da Associação Internacional dos Profissionais de Gerenciamento de Carreira (IACMP) nos EUA, Apresentadora do programa “Novos Rumos” da ABRAPE, na Rede Boa Nova – AM 1450. Autora do Livro “O Espírito em Terapia – Hereditariedade, Destino e Fé”.
                                                                

Entrevista concedida ao editor do site jornal dos espíritos Afonso Moreira Jr, para a Revista Espírita Além da Vida.

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