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sábado, 28 de maio de 2011

Qual a função dos Romances Espíritas?

Romance Espírita




Vamos adentrar este assunto, por vezes tão polêmico, no meio espírita.
O que são "romances espíritas"?
Definição:
Romances Espíritas, são livros com capas interessantes, bons chamarizes comerciais, às vezes fininhos, às vezes verdadeiros "tijolos", que contam histórias de pessoas reais ou fictícias, podendo possuir apenas um "fundo" doutrinário ou serem recheados de doutrina e exemplos do cotidiano.
O que chama a atenção nos romances espíritas?
São livros de fácil leitura, que podem inserir "sementes" da verdade, no leitor. Podendo atrair novos leitores e novos adeptos da Doutrina Espírita.
Por que existem tantos espíritas "contra" os romances?
Nos últimos anos, com o boom de livros, psicografados ou não, publicados pelas editoras, não tem havido o necessário filtro para essas publicações, dessa forma, entra no mercado e na casa dos leitores, livros sem conteúdo algum, outros com conteúdo distorcido, o que poderia ser mais prejudicial do que positivo
para a Doutrina Espírita e principalmente para o leitor desavisado.
E como separar o joio do trigo?
Estudando Kardec. Sempre Kardec. Qualquer coisa que esteja em desacordo com a doutrina, há que se analisar com critério e discernimento, para que não aceitemos mentiras como verdades absolutas ou mesmo, como querem alguns, "modernização" da Doutrina Espírita.
Se vc não tem o hábito de estudar a Doutrina Espírita, como questionar a literatura oferecida?!

"O Espiritismo fala por si e caminhará por si... ., mas isso não nos "invalida" do dever de colaborar na extensão do conhecimento espírita com o devotamento que a boa semente merece do lavrador".... não podemos relaxar a educação espírita desprezando os instrumentos de divulgação de que dispomos a fim
de estendê-la e honorificá-la"..., como estar no Espiritismo sem falar nele, ou em outras palavras, se quisermos preservar o Espiritismo e renovar-lhe as energias, benefício do mundo é necessário compreender-lhe as finalidades de escola, e toda escola para cumprir o seu papel precisa divulgar". (Emmanuel)

Lembrando Kardec:
“Melhor é recusar nove verdades, a aceitar uma única mentira”.

Literatura Mediúnica e Fascinação
Autor: Waldehir Bezerra de Almeida


Ilusão produzida pela ação do Espírito em seu pensamento, a fascinação impede que o médium veja e compreenda os absurdos que escreve.


O Professor Allan Kardec, na fase da estruturação do Movimento Espírita, sabia que outros livros, que não os de sua autoria, seriam lidos pelos neófitos do Espiritismo ávidos de informações do Além-túmulo; sabia, também, que algumas daquelas obras poderiam confundir o leitor inexperiente e, em razão disso, durante todo o tempo que editou a Revista Espírita, entre 1858 até 1869, foi incansável leitor das obras, mediúnicas ou não, que fizessem referências aos fenômenos espíritas e ao Espiritismo como filosofia, ciência e religião. Não as lia com o critério de quem fiscaliza, de quem acredita ser o único que
dispensa a luz, mas sim de quem quer se informar, conhecer e informar aos seus leitores da coerência ou não daquelas obras com os postulados da doutrina que nascera com O Livro dos Espíritos. No período de onze anos, o codificador publicou, aproximadamente, 140 comentários bibliográficos, analisando forma e
conteúdo dos livros, dizendo o que pensava a respeito e orientando o leitor que os lesse com espírito crítico, separando o joio do trigo.

Com relação às obras mediúnicas, sua preocupação dobrava, pois conhecia a tendência natural das pessoas simples e de boa vontade em acreditar, sem muitas indagações, no que se dizia ser ditado pelos Espíritos, esquecendo-se serem eles tão defectíveis quanto os homens da Terra. Eis por que chamou a nossa atenção para as graves conseqüências do médium fascinado, que dá guarida aos Espíritos brincalhões, pseudo-sábios, mistificadores e interessados unicamente em combater o Espiritismo. Escreveu:
“A fascinação tem conseqüências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem.

Já dissemos que muito mais graves são as conseqüências da fascinação. Efetivamente, graças à ilusão que dela decorre, o Espírito conduz o indivíduo de quem ele chegou a apoderar-se, como faria com um cego, e pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se fossem a única expressão da verdade. Ainda mais, pode levá-lo a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas.” Como poderá levar – acrescentamos – aqueles que seguem suas teorias e procedimentos.

Ora, se o médium não analisa criteriosamente o que escreve em nome de tal ou qual Espírito, antes de o publicar, porque não tenha condições intelectuais ou porque esteja envaidecido com sua obra, o ônus será do leitor que - não acreditando em todos os Espíritos -, terá que ler entre linhas as sutilezas dos argumentos aparentemente válidos, mas, na realidade, não conclusivos, e que deixam claro a intenção de gerar dúvidas. São os sofismas: argumento que parte, muitas vezes, de premissas verdadeiras, ou tidas como verdadeiras, mas que não chega a uma conclusão consonante com o conjunto lógico da Doutrina Espírita.

Proliferam, tal como ocorria à época de Kardec, os livros que se insinuam como de natureza espírita, de autores encarnados e desencarnados, mas que, na verdade, têm conteúdo duvidoso, prenhe de sofismas, contribuindo para gerar confusão, tentando destruir o que já se construiu de bom no Movimento Espírita. Diante disso, como deve agir o leitor menos experiente que não tem mais o professor Allan Kardec para o orientar? Sem a pretensão de ser essa a solução definitiva para o caso, alguns critérios podem ser usados como ferramentas de análise.

Título – Reflita sobre ele. É um apelo à sensualidade? Promete revelações descabidas? Desconfie...

Orelhas e contra-capa – As editoras usam-nas oferecendo um resumo da obra e informações sobre o autor. Nelas o leitor poderá descobrir se o autor faz diferença entre Espiritismo e Espiritualismo.

Sumário – Ele poderá oferecer uma boa pista, pela forma como seus títulos são redigidos. Certas palavras revelam sua natureza.

Prefácio – Se a obra é de estudo doutrinário, saiba se quem o faz é conhecido no Movimento Espírita e se merece confiança. Desconfie de uma obra literária que não tem prefácio ou uma apresentação, pois ele vale como uma recomendação por quem entende do assunto. Excetuam-se dessa exigência os romances, quando, então, os outros cuidados devem ser intensificados.

Autor espiritual - Segundo o seu estágio evolutivo e sua filosofia de vida, o Espírito poderá ditar ensinamentos divergentes dos contidos no corpo da Doutrina Espírita ou falar meias-verdades. Nem todos os Espíritos são espíritas.

Médium psicógrafo – Temos nomes consagrados no Movimento Espírita que já receberam e recebem bons livros. Mas não os endeuse. São tão defectíveis como qualquer outro ser humano. Não devemos esquecer que “Um médium é instrumento pouquíssimo importante como indivíduo. Por isso é que, quando damos instruções que devem aproveitar à generalidade dos homens, nos servimos dos que oferecem as facilidades necessárias.” Ora, para falar da doutrina codificada por Allan Kardec as facilidades que podem encontrar os Espíritos no médium, serão, sem dúvida, o seu alinhamento com as Obras Básicas. Alguns médiuns são dissidentes.

Autor encarnado – Mutatis mutandis, as observações feitas para o autor espiritual e médium psicógrafo, se aplicam a este, tendo em conta que nem todos os espíritas estão coesos com o Movimento Espírita e são seguidores fiéis de Kardec.

A editora é garantia? – Algumas merecem a nossa confiança no que publicam em relação ao Espiritismo, outras oferecem livros que têm conteúdo mesclado, trazendo ensinamentos espiritualistas, mas não espíritas. As editoras laicas vêm publicando livros já consagrados como espíritas. Para essas, quem dita seu comportamento é o mercado.

Somente uma leitura criteriosa da obra por quem conhece os princípios básicos da Doutrina vai garantir que se trata ou não de um livro espírita, podendo ser divulgado como tal. O Codificador nos convida a usar o bom senso e atentar para o princípio da universalidade das comunicações mediúnicas,
alertando-nos que “[...] as instruções dadas pelos Espíritos sobre pontos da doutrina ainda não esclarecidos, não teriam força de lei, enquanto permanecessem isoladas, só devendo, por conseguinte, serem aceitas sob todas as reservas a título de informações [...] só devendo ser apresentadas como opiniões individuais, mais ou menos prováveis, mas tendo, em todo o caso, necessidade de confirmação”.

Ninguém está autorizado a condenar esta ou aquela obra literária que não esteja alinhada pelo Espiritismo no seu tríplice aspecto: filosófico, científico e religioso. Seria uma atitude contrária ao Espiritismo, que prega a liberdade de pensamento e de expressão. O Mestre de Lyon, orientando os
interessados em estudar o Espiritismo, depois de relacionar algumas obras de sua autoria, acrescenta: “Os que desejem tudo conhecer de uma ciência devem necessariamente ler tudo o que se ache escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, o que haja de principal, não se limitando a um único autor. Devem mesmo ler o pró e o contra, as críticas como as apologias, inteirar-se dos diferentes sistemas, a fim de poderem julgar por comparação.”
Não devemos inferir, no entanto, do aconselhamento do Codificador, que as Casas Espíritas devam divulgar em seu meio obras de conteúdo duvidoso, e muito menos vendê-las em suas bancas, em nome da liberdade de pensamento e de expressão, pois, agindo assim estaremos contribuindo para disseminar a fascinação do escritor entre os freqüentadores da Instituição e fomentar a dúvida e a discórdia entre eles.

Obs.: O autor é professor aposentado e atua no movimento espírita de Brasília-DF.

Revista Internacional de Espiritismo – Fevereiro 2007
Fonte: site Café com Leitura

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