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domingo, 6 de novembro de 2011

Entrevista com o Espírito de Mozart

Descrição de Júpiter
Casa de Mozart em Júpiter
Uma residência em Júpiter de acordo com Victorien Sardou




Extraído da Revista Espírita, Abril de 1858
Por Allan Kardec



NOTA: Por evocações anteriores sabíamos que Bernard Palissy, o célebre oleiro do século XVI, habita Júpiter. As respostas que se seguem confirmam em todos os pontos quanto nos foi dito sobre esse planeta, em várias ocasiões, por outros Espíritos e através de diferentes médiuns. Pensamos que serão lidas com interesse, como complemento do quadro que traçamos em nosso último número. A identidade que apresentam com as descrições anteriores é um fato notável que vale pelo menos como uma presunção de exatidão.

1. Onde te encontraste ao deixar a Terra?
R: Ainda me demorei nela.

2. Em que condições estavas aqui?
R: Sob o aspecto de uma mulher amorosa e dedicada. Era uma simples missão.

3. Essa missão durou muito?
R: Trinta anos.

4. Lembras-te do nome dessa mulher?
R: Era obscuro.

5. Agrada-te a estima em que são tidas as tuas obras? Isto te compensa os sofrimentos que suportaste?
R: Que me importam as obras materiais de minhas mãos? O que me importa é o sofrimento que me elevou.

6. Com que fim traçaste, pela mão do Sr. Victorien Sardou (1) os admiráveis desenhos que nos deste sobre o planeta Júpiter, onde habitas?
R: Com o fim de vos inspirar o desejo de vos tornardes melhores.

7. Desde que vens com freqüência a esta Terra que habitaste várias vezes, deves conhecer bastante o seu estado físico e moral para estabelecer uma comparação entre ela e Júpiter. Pediríamos que nos elucidasses sobre diversos pontos.
R: Ao vosso globo venho apenas como Espírito; o Espírito não tem mais sensações materiais.

ESTADO FÍSICO DO GLOBO

8. Pode-se comparar a temperatura de Júpiter a de uma de nossas latitudes?
R: Não. Ela é suave e temperada; é sempre igual, enquanto a vossa varia. Lembrai-vos dos Campos Elíseos, cuja descrição já vos fizeram.

9. O quadro que os antigos nos deram dos Campos Elíseos seria resultado do conhecimento intuitivo que eles tinham de um mundo superior, tal como Júpiter, por exemplo?
R: Do conhecimento positivo. A evocação permanecia nas mãos dos sacerdotes.

10. A temperatura, como aqui, varia conforme a latitude?
R: Não.

11. Segundo os nossos cálculos, o Sol deve aparecer aos habitantes de Júpiter num ângulo muito pequeno e, conseqüentemente, dar muito pouca luz. Podes dizer-nos se a intensidade da luz é ali igual à da Terra ou se é menos forte?
R: Júpiter é cercado de uma espécie de luz espiritual, em relação com a essência de seus habitantes. A luz grosseira de vosso Sol não foi feita para eles.

12. Há uma atmosfera?
R: Sim.

13. A atmosfera de Júpiter é formada dos mesmos elementos que a atmosfera terrestre?
R: Não: os homens não são os mesmos; suas necessidades mudaram.

14. Lá existem água e mares?
R: Sim.

15. A água é formada dos mesmos elementos que a nossa?
R: Mais etérea.

16. Há vulcões?
R: Não. Nosso globo não é atormentado como o vosso: lá a Natureza não teve suas grandes crises. É a morada dos bem-aventurados. Nele, a matéria quase não existe.

17. As plantas têm analogia com as nossas?
R: Sim; mas são mais belas.

ESTADO FÍSICO DOS HABITANTES
18. A conformação do corpo dos seus habitantes tem relação com a nossa?
R: Sim: ela é a mesma.

19. Podes dar-nos uma idéia de sua estatura, comparada com a dos habitantes da Terra?
R: Grandes e bem proporcionados. Maiores que os vossos maiores homens. O corpo do homem é como a impressão de seu espírito: belo, onde ele é bom. O invólucro é digno dele: não é mais uma prisão.

20. Lá os corpos são opacos, diáfanos ou translúcidos?
R: Há uns e outros. Uns têm tal propriedade; outros têm outra, conforme o seu destino.

21. Compreendemos isto em relação aos corpos inertes. Mas nossa pergunta refere-se aos corpos humanos.
R: O corpo envolve o Espírito sem o ocultar, como um tênue véu lançado sobre uma estátua. Nos mundos inferiores o envoltório grosseiro oculta o Espírito aos seus semelhantes. Mas os bons nada mais têm para se ocultarem: podem ler reciprocamente em seus corações. Que aconteceria se assim fosse aqui?

22. Lá existe diferença de sexo?
R: Sim: há por toda parte onde existe a matéria; é uma lei da matéria.

23. Qual a base da alimentação dos habitantes? É animal e vegetal como aqui?
R: Puramente vegetal. O homem é o protetor dos animais.

24. Disseram-nos que parte de sua alimentação é extraída do meio ambiente, cujas emanações eles aspiram. É verdade?
R: Sim.

25. Comparada com a nossa, a duração da vida é mais longa ou mais curta?
R: Mais longa.

26. Qual é a duração média da vida?
R: Como medir o tempo?

27. Não podes tomar um dos nossos séculos como termo de comparação?
R: Creio que mais ou menos cinco séculos.

28. O desenvolvimento da infância é proporcionalmente mais rápido que o nosso?
R: O homem conserva sua superioridade: a infância não comprime a inteligência nem a velhice a extingue.

29. Os homens são sujeitos a doenças?
R: Não estão sujeitos aos vossos males.

30. A vida está dividida entre o sono e a vigília?
R: Entre a ação e o repouso.

31. Poderias dar-nos uma idéia das várias ocupações dos homens?
R: Teria que falar muito. As suas principais ocupações são o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. Não havendo entre eles infortúnios a serem aliviados, vão procurá-los onde esses existem: são os bons Espíritos que vos amparam e vos atraem para o bom caminho.

32. Lá são cultivadas algumas artes?
R: Lá elas são inúteis. As vossas artes são brinquedos que distraem as vossas dores.

33. A densidade especifica do corpo humano permite ao homem transportar-se de um a outro ponto, sem ficar, como aqui, preso ao solo?
R: Sim.

34. Existem lá o tédio e o desgosto da vida?
R: Não: o desgosto da vida origina-se no desprezo de si mesmo.

35. Sendo os corpos dos habitantes de Júpiter menos densos que os nossos, são formados de matéria compacta e condensada ou vaporosa?
R: Compacta para nós; mas não o seria para vós: ela é menos condensada.

36. O corpo, considerado como feito de matéria, é impenetrável?
R: Sim.

37. Os habitantes têm, como nós, uma linguagem articulada?
R: Não; há entre eles a comunicação pelo pensamento.

38. A segunda vista é, como nos informaram, uma faculdade normal e permanece entre vós?
R: Sim. O Espírito não conhece entraves: nada lhe é oculto.

39. Se nada é oculto ao Espírito, conhece ele o futuro? Referimo-nos aos Espíritos encarnados em Júpiter.
R: O conhecimento do futuro depende do grau de perfeição do Espírito: isto tem menos inconvenientes para nós do que para vós; é-nos mesmo necessário, até certo ponto, para a realização das missões de que nos incumbem. Mas dizer que conheçamos o futuro sem restrições seria nivelar-nos a Deus.

40. Podereis revelar-nos tudo quanto sabeis sobre o futuro?
R: Não. Esperai até que tenhais merecido sabê-lo.

41. Comunicai-vos mais facilmente que nós com os outros Espíritos?
R: Sim; sempre. Não existe mais a matéria entre eles e nós.

42. A morte inspira o mesmo horror e pavor que entre nós?
R: Porque seria ela apavorante? Entre nós já não existe o mal. Só o mau se apavora ante o seu último instante: teme o seu juiz.

43. Em que se transformam os habitantes de Júpiter depois da morte?
R: Crescem sempre em perfeição, sem passar por mais provas.

44. Não haverá em Júpiter Espíritos que se submetam a provas a fim de cumprir uma missão?
R: Sim; mas não é uma prova: só o amor do bem os leva ao sofrimento.

45. Podem eles falhar em sua missão?
R: Não, porque são bons. Só existe fraqueza onde haja defeitos.

46. Poderias nomear alguns dos Espíritos habitantes de Júpiter que tivessem desempenhado uma grande missão na Terra?
R: São Luís.

47. Não poderias nomear outros?
R: Que vos importa? Há missões desconhecidas, cujo objetivo e a felicidade de um só. Por vezes são as maiores; e as mais dolorosas.

DOS ANIMAIS
48. O corpo dos animais é mais material que o dos homens?
R: Sim. O homem é o rei, o deus planetário.

49. Há animais carnívoros?
R: Os animais não se estraçalham mutuamente. Vivem todos submetidos ao homem e se amam entre si.

50. Há porém animais que escapam à ação do homem, assim como os insetos, os peixes e os pássaros?
R: Não: todos lhe são úteis.

51. Disseram-nos que os animais são os operários e os capatazes que executam os trabalhos materiais, constroem as habitações, etc. É exato?
R: Sim. O homem não mais se rebaixa para servir ao semelhante.

52. Os animais servidores estão ligados a uma pessoa ou família, ou são tomados e trocados à vontade, como aqui?
R: Todos estão ligados a uma família particular. Vós mudais à procura do melhor.

53. Os animais servidores vivem em escravidão ou no estado de liberdade? São uma propriedade, ou podem, à vontade, mudar de patrão?
R: Estão no estado de submissão.

54. Os animais trabalhadores recebem alguma remuneração por seus trabalhos?
R: Não.

55. As faculdades dos animais são desenvolvidas por uma espécie de educação?
R: Eles as desenvolvem por si mesmos.

56. Têm os animais uma linguagem mais precisa e caracterizada que a dos animais terrenos?
R: Certamente.

ESTADO MORAL DOS HABITANTES
57. As habitações de que nos deste uma mestra nos teus desenhos estão reunidas em cidades como aqui?
R: Sim. Aqueles que se amam se reúnem. Só as paixões estabelecem a solidão em torno do homem. Se o homem ainda mau procura o seu semelhante, que é para ele um instrumento de dor, por que o homem puro e virtuoso deveria fugir de seu irmão?

58. Os Espíritos são iguais ou de várias graduações?
R: De diversos graus, mas da mesma ordem.

59. Pedimos que te reportes especialmente à escala espírita que demos no segundo número da Revista e que nos digas a que ordem pertencem os Espíritos encarnados em Júpiter.
R: Todos bons, todos superiores. Por vezes o bem desce até o mal; entretanto, o mal jamais se mistura com o bem.

60. Os habitantes formam diferentes povos como aqui na Terra?
R: Sim: mas todos unidos entre si pelos laços do amor.

61. Sendo assim, as guerras são desconhecidas?
R: Pergunta inútil.

62. O homem poderia chegar, na Terra, a um tal grau de perfeição que a guerra fosse desnecessária?
R: Ele chegará a isto, sem a menor dúvida. A guerra desaparecerá com o egoísmo dos povos e à medida que melhor seja compreendida a fraternidade.

63. Os povos são governados por chefes?
R: Sim.

64. Em que consiste a autoridade dos chefes?
R: No seu grau superior de perfeição.

65. Em que consiste a superioridade e a inferioridade dos Espíritos em Júpiter, de vez que todos são bons?
R: Têm maior ou menor soma de conhecimentos e de experiência; depuram-se à medida que se esclarecem.

66. Como aqui na Terra, lá existem povos mais ou menos avançados que outros?
R: Não; mas entre os povos há diversos graus.

67. Se o povo mais adiantado da Terra fosse transportado para Júpiter, que posição ocuparia?
R: A que entre vós é ocupada pelos macacos.

68. Lá os povos se regem por leis?
R: Sim.

69. Há leis penais?
R: Não há mais crimes.

70. Quem faz as leis?
R: Deus as fez.

71. Há ricos e pobres? Por outras palavras: há homens que vivem na abundância e no supérfluo e outros a quem falta o necessário?
R: Não: todos são irmãos. Se um possuísse mais que o outro, com este repartiria; não seria feliz quando seu irmão fosse necessitado.

72. De acordo com isso as fortunas de todos seriam iguais?
R: Eu não disse que todos sejam igualmente ricos. Perguntaste se haveria gente com o supérfluo enquanto a outros faltasse o necessário.

73. As duas respostas se nos afiguram contraditórias. Pedimos que estabeleças a concordância.
R: A ninguém falta o necessário; ninguém tem o supérfluo. Por outras palavras, a fortuna de cada um está em relação com a sua condição. Estais satisfeitos?

74. Agora compreendemos. Mas te perguntamos, entretanto, se aquele que tem menos não é infeliz em relação àquele que tem mais?
R: Ele não pode sentir-se infeliz, desde que nem é invejoso nem ciumento. A inveja e o ciúme produzem mais infelizes que a miséria.

75. Em que consiste a riqueza em Júpiter?
R: Em que isto vos importa?

76. Há desigualdades sociais?
R: Sim.

77. Em que estas se fundam?
R: Nas leis da sociedade. Uns são mais adiantados que outros na perfeição. Os superiores têm sobre os outros uma espécie de autoridade, como um pai sobre os filhos.

78. As faculdades do homem são desenvolvidas pela educação?
R: Sim.

79. Pode o homem adquirir bastante perfeição na Terra para merecer passar imediatamente a Júpiter?
R: Sim. Mas na Terra é o homem submetido a imperfeições a fim de estar em relação com os seus semelhantes.

80. Quando um Espírito deixa a Terra e deve reencarnar-se em Júpiter, fica errante durante algum tempo, até encontrar o corpo a que se deve unir?
R: Fica errante durante algum tempo, até que se tenha livrado das imperfeições terrenas.

81. Há várias religiões?
R: Não. Todos professam o bem e todos adoram um só Deus.

82. Há templos e um culto?
R: Por templo há o coração do homem; por culto, o bem que ele faz.

(1) Victorien Sardou, médium psicógrafo que trabalhou com Allan Kardec: embora não soubesse desenho, foi o instrumento para os esplêndidos quadros de cenas de outros planetas. Foi membro da Academia Francesa e um dos mais fecundos comediógrafos franceses. (N. do T.)

A música espiritual de Mozart







Em 27 de janeiro de 1756 nascia em Salzburg, na Áustria, o compositor Wolfgang Gottlieb Mozart. Desencarnou em 5 de dezembro de 1791 mas, 68 anos depois, a música do génio austríaco novamente veio alegrar os que vivem na Terra. Mozart foi evocado e dele se obteve belas comunicações espíritas, em que o compositor, emocionado, convidava à vivência do bem, da ética e do amor.
O Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, publicou as evocações particulares na Revista Espírita (edições de 1858 e 1859). Em 1859, ele ditou a Dorgeval um fragmento de sonata. Na reunião do dia 8 de abril de 1859, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, a música mediúnica foi tocada pela Srta. de Davans, ex-aluna de Chopin. Os dois compositores - Mozart e Chopin - foram evocados por Kardec na ocasião. No dia 9 de outubro de 1861, diversos livros espíritas foram queimados no episódio conhecido como ”Auto-de-Fé de Barcelona”. Entre eles, cópias do fragmento de sonata de Mozart. Desde o século 19, não mais se falou na peça. Em 2004, o fragmento de sonata foi encontrado em uma Biblioteca de Londres e enviado para a FEB. Com a ajuda de software de edição de partituras, o engenheiro Alexandre Zaghetto recuperou a música.
Abaixo o relato de Kardec sobre o dia em que a sonata de Mozart foi tocada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e as evocações do Espírito de Mozart e Chopin.
MÚSICA DE ALÉM-TÚMULO Revista Espírita de Maio, 1859
O Espírito de Mozart acaba de ditar ao nosso excelente médium, sr. Bryon Dorgeval, um fragmento de sonata. Como método de controle, o médium o fez ouvir por diversos especialistas, sem lhes indicar a origem, mas lhes perguntando apenas o que achavam no trecho. Cada um nele reconheceu, sem hesitação, o cunho de Mozart. O trecho foi executado na sessão da Sociedade de 8 de abril, em presença de numerosos conhecedores, pela senhorita de Davans, aluna de Chopin e distinta pianista, que teve a gentileza de nos emprestar o seu concurso. Como elemento de comparação, a senhorita de Davans executou antes uma sonata de Mozart, composta quando vivo. Todos foram unânimes em reconhecer não só a perfeita identidade do género, mas a superioridade da composição espírita. A seguir, pela mesma pianista, foi executado um trecho de Cho­pin, com o seu talento habitual.
Não poderíamos perder esta ocasião para evocar os dois compositores, com os quais tivemos a seguinte palestra. (Allan Kardec)

MOZART

1. Sem dúvida conheceis o motivo por que vos chamamos.R: Vosso apelo é-me agradável.

2. Reconheceis como tendo sido ditado por vós o trecho que acabamos de ouvir?R: Sim. Eu o reconheço perfeitamente. O médium que me serviu de intérprete é um amigo que não me traiu.
3. Qual dos dois trechos preferis?R: Sem comparação, o segundo.
4. Porque?R: A doçura e o encanto nele são mais vivos e, ao mesmo tempo, mais delicados.
NOTA: São, realmente, estas as qualidades reconhecidas no trecho.
5. A música do mundo que habitais pode comparar-se à nossa?R: Teríeis dificuldades de compreender. Temos sentidos que ainda não possuís.
6. Disseram-nos que no vosso mundo há uma harmonia natural, universal, que aqui não conhecemos.R: É verdade. Em vossa Terra fazeis a música; aqui toda a natureza faz ouvir sons melodiosos.
7. Poderíeis vós mesmo tocar piano?R: Sem dúvida que sim. Mas não o quero: seria inútil.
8. Seria, entretanto, poderoso motivo de convicção.R: Não estais convencidos?
NOTA: Sabe-se que os Espíritos jamais se submetem a provas. Muitas vezes fazem espontaneamente aquilo que lhes não pedimos. Esta, aliás, entra na categoria das manifestações físicas, com o que se não ocupam os Espíritos elevados.
9. Que pensais da recente publicação de vossas cartas?R: Avivaram muito as minhas lembranças.
10. Vossa lembrança está na memória de todos. Poderíeis precisar o efeito que essas cartas produziram?R: Sim. Apegaram-se muito mais a mim como homem do que antes.
NOTA: A pessoa, aliás estranha à Sociedade, que fez estas últimas perguntas, confirma que essa foi, realmente, a impressão produzida por aquela publicação.
11. Desejamos interrogar Chopin. É possível?R: Sim. Ele é mais triste e mais sombrio que eu.

CHOPIN

12. Poderíeis dizer-nos em que situação vos achais como Espírito?R: Sim. Ainda errante.
13. Lamentais a vida terrena?R: Eu não sou infeliz.
14. Sois mais feliz do que antes?R: Sim, um pouco.
15. Dizeis um pouco, o que quer dizer que não há grande diferença. Que é o que vos falta para o serdes mais?R: Eu digo um pouco em relação àquilo que eu poderia ter sido; porque com a minha inteligência eu poderia ter avançado mais do que avancei.
16. Esperais alcançar um dia a felicidade que vos falta atualmente?R: Certamente que ela virá. Não serão necessárias novas provas.
17. Mozart disse que sois sombrio e triste. Por que isto?R: Mozart tem razão. Entristeço-me porque tinha empreendido uma prova que não realizei bem e não tenho coragem de recomeçá-la.
18. Como considerais as obras musicais?R: Eu as prezo muito. Mas entre nós fazemo-las melhores; sobretudo as executamos melhor. Dispomos de mais recursos.
19. Quem são, pois, os vossos executantes?R: Temos às nossas ordens legiões de executantes, que tocam as nossas composições com mil vezes mais arte do que qualquer de vós. São músicos completos. O instrumento de que se servem é a própria garganta, por assim dizer, e são auxiliados por uns instrumentos, espécies de órgãos, de uma precisão e de uma melodia que, parece, não podeis compreender.
20. Sois muito errante?R: Sim. Isto é, não pertenço a nenhum planeta exclusivamente.
21. E os vossos executantes? São, também, errantes?R: Errantes como eu.
22. (A Mozart). Teríeis a bondade de explicar o que acaba de dizer Chopin? Não compreendemos essa execução por Espírito errantes.R: Compreendo o vosso espanto. Entretanto já vos disse­mos que há mundos particularmente afetos aos seres errantes, mundos nos quais podem habitar temporariamente, espécies de bivaques, de campos de repouso para seus Espíritos, fatigados por uma longa erraticidade, estado sempre um pouco penoso.
23. (A Chopin). Reconheceis aqui um de vossos alunos?R: Sim. Parece.
24. Teríeis a bondade de assistir à execução de um trecho de vossa composição?R: Isto me daria muito prazer, sobretudo quando executado por uma pessoa que guardou de mim uma grata recordação. Que ela receba os meus agradecimentos.
25. Quereis dar a vossa opinião sobre a música de Mozart?R: Gosto muito. Considero Mozart como meu mestre.
26. Partilhais de sua opinião sobre a música de hoje?R: Mozart disse que a música era melhor compreendida em seu tempo do que hoje. Isto é verdade. Objetarei, entretanto, que ainda existem verdadeiros artistas.
Para ouvir música:

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