Estuda-se cada vez mais o livro básico da codificação nos Centros Espíritas.
A pesquisa em conjunto é recomendada porque as
diferentes opiniões e a troca de idéias sobre as questões vão alargando o
nosso entendimento
para que percebamos exatamente o que disseram, ou não puderam dizer,
os orientadores da espiritualidade superior.
Damos razão aos que dizem que O Livro dos Espíritos é
de difícil compreensão e isto é facilmente explicável. Trata-se de um
livro com perguntas
humanas e respostas divinas.
Se observarmos as indagações feitas aos Superiores,
veremos que elas se baseiam nos atos do mundo material e, quase sempre,
com o uso
da mesma linguagem que aplicamos no dia-a-dia da nossa encarnação.
Essa é a razão por que pedimos datas, tempos, prazos
e os Espíritos respondem que isso são quimeras, porque o tempo da Terra
não é o
tempo espiritual. Enquanto estamos encarnados precisamos do relógio e
do calendário para disciplinar nossas atividades no cotidiano. Na
espiritualidade esse tempo
se modifica e passa a ser quase tudo simplesmente agora. Passado e
futuro confundem-se com o presente!
Um espírito pode passar décadas ou séculos
desencarnado sem se dar conta do próprio desencarne ou, em reconhecendo a
sua situação, sem
perceber que séculos se passaram e ele imagina que tudo aconteceu
recentemente.
Os Espíritos em muitas questões de O Livro dos
Espíritos responderam que se determinada palavra ou definição serve para
nós, está bem para eles.
Às vezes eles comentam que é uma definição incompleta, mas sabem que
não podemos entender além.
Para termos um exemplo prático, leiamos a questão 1014 da obra básica, no assunto sobre Paraíso, Inferno e Purgatório:
Pergunta 1014: "Como se explica que Espíritos cuja
superioridade se revela por sua linguagem, tenham respondido a pessoas
tão sérias a respeito
do inferno e do purgatório segundo a idéia vulgar que deles se têm?
Resposta: "Eles falam uma linguagem que possa ser
compreendida pelas pessoas que os interrogam. Quando essas pessoas estão
imbuídas de certas
idéias, eles procuram não contrariá-las muito bruscamente, para não
ferir suas convicções. Se um Espírito dissesse a um muçulmano, sem
precauções oratórias,
que Maomé não foi um profeta, seria muito mal recebido."
Este é um mero exemplo para justificar que nem tudo
pode ser dito aos homens porque lhes falta entendimento e até
vocabulário para compreender
as orientações das esferas superiores. A leitura das questões 1014a
até 1018 acrescentará um pouco mais a essa nossa argumentação.
Diante dessas evidências, fica claro que quando
crescermos em entendimento faremos perguntas mais espiritualizadas e
teremos respostas
mais afinadas. Por isso, cada vez que relemos O Livro dos Espíritos
compreendemos de maneira diferente e mais aprimorada. Entre o dia que
lemos a última questão
do livro e o dia que voltaremos a lê-la depois de estudar novamente
toda a obra, seremos pessoas absolutamente diferentes. Ninguém termina
um dia como
começou. Aprendemos compulsoriamente, mesmo que não queiramos.
Ninguém consegue viver, nem mesmo enfermo num leito ou dentro das grades
de um presídio, sem
conhecer algo de novo todo dia. A evolução pelo conhecimento é
inerente à vida. Se o conhecimento é para o bem ou para o mal vai
depender da aplicação que cada um lhe der.
Neste dia 18 de abril de 2008 comemoramos os 151
anos do lançamento da Revelação Espírita, organizada pelo professor
francês que adotou o pseudônimo
de Allan Kardec. Não podemos desperdiçar o tempo. Se desejarmos
sintonizar com os Espíritos Superiores, e não mais com os obsessores, é
preciso que nos
elevemos na escala espírita. Isso se consegue por meio do
conhecimento e do melhoramento do caráter. Sabedoria e sentimento são as
asas que permitem ao homem voar até as altas esferas.
Uma sugestão para que nos familiarizemos mais
rapidamente com as questões de O Livro dos Espíritos é estudar
paralelamente os livros
escritos por Allan Kardec, extraídos das quatro partes da obra
básica, quando o Codificador ampliou a explicação dos Espíritos para que
o entendimento fosse
mais abrangente. São eles: O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o
Espiritismo, O Céu e o Inferno e a Gênese, cada um dando mais
explicações sobre as diferentes
partes de O Livro dos Espíritos. Incluímos aqui As Obras Póstumas,
que registra as preocupações do codificador com relação à nossa
Doutrina.
Dia destes, em crônica sobre a Paciência, escrita
pelo polêmico e contundente Arnaldo Jabor, lemos no encerramento a
confirmação de uma assertiva
que sempre dizemos: Não somos um corpo que tem um espírito, mas um
espírito que tem um corpo. Jabor diz melhor: "Não somos seres humanos
numa experiência
espiritual, mas seres espirituais numa experiência humana."
Quando compreendermos e vivermos como espíritos mais
do que como corpos, teremos preocupação mais séria com o futuro. Só
assim nos disporemos
a vivenciar as lições contidas em O Livro dos Espíritos, fazendo
delas nosso roteiro de vida. O sofrimento será diminuído e a felicidade
poderá começar a ser deste mundo.
Coragem irmãos. Valorizemos o trabalho do
Codificador. Parodiando o que dizem nossos irmãos evangélicos sobre
Jesus, Kardec também deu a vida
para nos salvar. Pois então salvemos-nos!
Fonte: Revista Internacional de Espiritismo
Edição ABRIL 2008
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