A Coragem de Errar
Jael Coaracy
O que fazer quando uma situação se repete em sua vida trazendo sentimentos de desconforto e dor?
Cada vez que isso acontece, a trilha no seu cérebro que associa determinadas circunstâncias a esses sentimentos dolorosos se intensifica. Como uma dobra na roupa feita no mesmo lugar e conservada assim.
Ao associar determinadas experiências ao sofrimento emocional, você se torna vulnerável a repetição que desejaria evitar.
As situações aparentemente são diferentes. Olhadas a partir do seu centro, percebe-se que são, na verdade, variações sobre o mesmo tema. E que tema é esse, capaz de provocar um mal estar que pode ir do desconforto à depressão?
Embora você possa acreditar que a fonte da angústia, do sentimento de rejeição, da tristeza profunda ou mesmo da depressão, esteja na atitude do seu namorado, do seu chefe ou do seu companheiro de turma, do seu filho, pai, quem quer que seja, é necessário ir além.
Em algum ponto do seu passado, seja na infância, na adolescência, ou mesmo na barriga da sua mãe, você viveu, pela primeira vez, o desamparo que se tornou a repetição de um mesmo padrão emocional.
Como perceber e curar esse processo?
É preciso entrar em contato com as experiências originais que criaram essa associação entre um estímulo (a pessoa amada vai embora) e a resposta (depressão profunda e o sentimento de não ter valor).
Se você se sente explorado(a) e sofre por não ter coragem de se colocar diante do seu chefe, ou da família, procure localizar em que momento da sua vida aprendeu a se calar e a abrir mão de reivindicar seus direitos.
Quando a atitude de alguém faz sua energia baixar de nível e você se sente mal, é dentro de si próprio(a) que precisa buscar as chaves para virar o jogo.
É você quem promove esses sentimentos dentro de si mesmo(a). Ninguém tem esse poder a não ser que você o permita.
Vá até as primeiras experiências vividas talvez, ainda na infância, quando um dos seus pais, um professor, um adulto importante na sua vida, fez com que se sentisse assim pela primeira vez.
Observe que, a partir dessas primeiras experiências, você construiu uma barreira emocional e mental. Passou a se colocar de uma forma defensiva, fugindo ou brigando ao primeiro sinal que o(a) levava a reviver a mesma experiência dolorosa.
A necessidade de se defender de um possível sofrimento passou a promover a dor diante de situações que o remetem aquilo que ficou lá trás. Sem saber, ao fazer isso, você foi se afastando do seu ser amoroso para se colocar em guarda.
Como limpar o passado e interromper esse padrão que o faz sofrer?
Através da coragem de reconhecer o que quer que esteja dentro de você.
Examine e transforme suas crenças limitantes, use tudo o que funciona para você e assuma total responsabilidade pelo que lhe acontece.
Colocar-se no lugar da vítima, comportar-se como a criança indefesa e ignorante que já não é mais, ou seguir no automático, sem se dar conta dos seus processos internos é escolher estar à mercê dos acontecimentos.
Saiba que você não é apenas essa dor, esse desconforto, ou esse incômodo que se apresenta cada vez que o gatilho é disparado por algo ou alguém que o(a) leva a sentir-se novamente a criança em busca de aprovação.
Você traz dentro de si o poder de transformar a sua vida!
As ferramentas necessárias para o trabalho você já tem. Basta que se disponha a acessá-las através do mergulho interno. Com atenção, esforço e responsabilidade.
Ao reconhecer o desconforto, a dor, a rejeição, a raiva ou seja o que for, como algo seu, sem ligação com a atitude do outro, estará retomando o poder de desfazer associações equivocadas.
Procure entrar em contato com a sensação de não se ser merecedor(a) de amor. Descubra as crenças que o(a) levam a se deixar confundir pela culpa.
Isso o(a) ajudará a não tomar pessoalmente tudo o que acontece. Poderá, então, separar o que é seu do que é do outro. Sem julgamentos. Com clareza e objetividade.
Ao perceber isso, saberá que o outro faz o que faz por razões que são dele e que não têm nada a ver com quem você é.
Assim, como as suas ações são produtos das suas escolhas. E não podem ser justificadas pelo o que o outro faz ou diz.
O poder está dentro de cada um de nós. Abrir mão desse poder é abrir mão da possibilidade de aprender com a experiência. Somente aprendendo com a experiência é possível encontrar o caminho para a felicidade real.
Você pode deixar seu veleiro ao sabor dos ventos e das ondas. Mas não se surpreenda nem se queixe se o barco virar.
Você também pode se tornar mestre na arte de manejar as velas, de conduzir o barco diante das tempestades, dos ventos e das correntes marítimas. Assim, se tornará um exímio(a) marinheiro(a), com habilidade de driblar mudanças de tempo para chegar ao porto do seu destino.
A única forma de fazer isso é desafiando os seus padrões habituais.
Faça diferente a próxima vez que alguma situação trouxer à tona o velho e antigo padrão. Escolha uma ação para produzir um novo resultado. Faça o que seu coração mandar sem medo de errar.
O maior erro de todos é renunciar ao poder de dirigir a sua vida. Portanto, exercite um novo padrão para lidar com as situações que desafiam velhos sentimentos de menos valia dentro de você.
Ouça seu coração e experimente. Movimente-se de uma nova maneira através da vida. Como uma criança que aprende a andar e cai, e não tem outra alternativa a não ser tentar novamente até dominar a capacidade de andar.
Invista em novas atitudes, desafie a sua zona de conforto e implemente novas ações diante das velhas feridas. Se tiver que errar, erre com o coração, sabendo que os erros nada mais são do que o feed-back mostrando que ainda não foi desta vez que chegou lá.
Como Thomas Edson ao tentar milhares de vezes, até chegar à invenção da lâmpada elétrica. A cada erro ele comemorava a descoberta de mais uma estratégia que não funcionava. Consciente que assim passava a estar mais perto daquilo que buscava.
À persistência dele devemos as luzes que iluminam nossas casas.
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