JOVEM, PARTICIPAR HOJE OU APENAS PREPARAR-SE PARA O FUTURO?
"Somos chamados a viver, a participar plenamente da vida, a atirar-nos nas alegrias e no amor."
Esse era um tema que há alguns anos atrás eu participei em um concurso de oratória na minha cidade natal. Não ganhei o concurso porque acredito que desde aquela época gostava bem mais de escrever do que falar, e olha que quem me conhece sabe que falo bastante. Mas esse foi um tema que sempre povoou meus pensamentos: a participação efetiva dos jovens na construção do mundo de hoje e de amanhã.
Sempre convivi muito bem com crianças e com jovens. Acho mesmo que essa atração está no interior da gente. Partilho meus dias com uma juventude linda, alegre, moderna, inteligente, informatizada e bastante ligada nas coisas que acontecem no mundo.
Vivo com jovens que sabem o que acontece em qualquer parte deste planeta num "click" de internet e em idiomas variados. Quase todos aprenderam uma segunda língua, que infelizmente, ainda não é o Esperanto como esperávamos. É o inglês, língua mais que oficial pra compreender o que se passa daqui e do outro lado do mundo.
A comunicação global da Internet - que tem língua bastante peculiar -, incrementa o aumento da massa encefálica do jovem de hoje.
O negócio é saber aproveitar essas novas conexões neuronais para as informações percorrerem e se fixarem mais adequadamente, ativando, assim, áreas novas todos os dias. É assim que funciona o aprendizado.
Se nossos bebês já nascem completamente livres em seus movimentos, se compreendem muitas coisas e até sorriem rapidamente (sorriso mesmo, não movimento muscular involuntário dos músculos faciais), imagine nossos jovens com tanta tecnologia para aprimorarem seus neurônios.
A rapidez de pensamento e decisões é conseqüência dessas novas conexões cerebrais.
Nossos jovens brincam de livre-arbítrio em jogos que confrontam o bem e o mal. Experimentam os dois lados: ser o mocinho ou o policial, e ser o bandido ou até mesmo o terrorista. Algumas vezes atuam como destruidores do planeta através da criação virtual de armadilhas de destruição em massa, e em outras vezes jogam na posição dos defensores da natureza, dos salvadores do planeta no desvio de mísseis ou na interceptação de corpos celestiais em rota de colisão com a Terra. Mas estou certa de que a adrenalina ainda continua sendo mais liberado pelos atos de heroismos, como já acontecia desde as gerações do passado.
O ato de bravura e o reconhecimento desses mesmos pelos outros continua a mover os jovens de hoje.
Treinam famílias virtuais. Aprendem com determinados tipos de jogos a montar uma rotina típica de uma família aceitável como normal para os padrões de hoje. Pais e mães que cuidam de seus filhinhos, lhes ensinam os melhores caminhos a seguir na vida, orientam suas futuras profissões, e por aí vai.
Essa é a geração de adolescentes e tenros jovens da atualidade.
Nada de enfrentar uma situação de vida real sem o treinamento anterior que é oferecido pelos "games" de computador.
É permitido errar e recomeçar tudo de novo em um jogo.
É melhor conhecer as possibilidades de errar ou acertar virtualmente que na vida real.
Jogam "games" de livre-arbítrio e experimentam neste mundo imaginário e ao mesmo tempo tão real na tela de um computador situações tanto inusitadas quanto comuns e decidem de que lado querem ficar, quem querem seguir e assim por diante.
São as facilidades tecnológicas que algumas gerações de um passado nem tão longe assim puderam ter. Quem sabe se pudèssemos ter tidos essas mesmas oportunidades não teríamos sido adultos com menos erros?
É uma chance incomparável essa de aprender as conseqüências através da criação das causas. Colho exatamente aquilo que planto e aprendo com meus erros e meus acertos. Se erro muito, lembro que estou num jogo e "deleto" tudo para começar de maneira diferente.
Fora da tela do computador nem sempre funciona tudo da mesma forma.
Até porque não posso sempre ser nem o bandido e nem o mocinho.
Esperemos que as ansiedades geradas pelos hormônios efervescentes possam se restringir ao conhecimento apenas vividos nos jogos de computador e que por lá fiquem. E, ao contrário, que as boas experiências possam auxiliar o crescimento e a evolução tão necessários para a transição para a maturidade, gerando seres humanos bons e com as mesmos pensamentos e as mesmas atitudes rápidas frente aos embates da vida.
Experimentar quais são as sensações de se estar em ambos os lados da vida, conhecendo o que é fazer o bem ou fazer o mal pode ser uma aventura inimaginável para as gerações jovens do passado, mas é uma realidade para a juventude de hoje. Nem que seja uma realidade às custas de uma "cybercriação" como diriam os próprios.
É nosso dever auxiliá-los nessa escolha.
Orientar sim, decidir por eles não!
Além de não termos esse direito, eles não nos permitiriam. São independentes demais para tanto.
Mas nós somos ou os pais ou os professores ou os médicos deles, ou ainda, os amigos que caminham por perto de onde eles estão, ou mesmo em última hipótese, amigos de instagram, de facebook, de whatsapp , de e-mails. Podemos dar um toque sempre que possível. Toques sutis para não invadir um dos direitos mais sagrados que o ser humano é detentor: a privacidade.
Acho dever nosso a orientação dentro de casa e em todos os ambientes que nos forem acessíveis. Com cautela, claro! Sem imposição porque não existem jovens do mundo de hoje que aceitem qualquer coisa por imposição e sem as explicações necessárias para que possam ser convencidos. E eles são muito mais dóceis do que nós o fomos por mais que se pareça o contrário. Basta explicar.
Além das conexões neuronais já referidas para o aprendizado e a memorização com rapidez, têm também inúmeras conexões prontinhas para serem ativadas nos setor das artes e dos sentimentos nobres de uma maneira geral. Algumas vezes estão adormecidas, mas basta um gesto de carinho e de compreensão de nossa parte e essas ligações serão ativadas.
Um beijo e um abraço, uma palavra compreensiva, um olhar diferente, tudo isso dispara estímulos de risadas, pulos, barulhos, folguedos e tantas outras coisas a mais que nos faz tão felizes.
É o "click" da alegria, sempre tão presente no mundo da juventude.
Essa juventude maravilhosa de hoje já está bem consciente de que não é necessário artifícios para ser feliz!
Ponto pra eles que estão sabendo usar o seus direitos de livre escolha de uma maneira real apesar de tanto treino em jogos virtuais de computadores.
Wilza de Castro Rabelo Suanno
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